Durante a reunião a decorrer hoje na base militar norte-americana de Ramstein, na Alemanha, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, não descartou o envio, mas indicou que não existe um parecer unânime sobre o destacamento de tanques Leopard 2, de fabrico alemão, que Kiev afirma precisar para combater as forças russas na região de Donbass (leste da Ucrânia), confirmaram fontes diplomáticas à agência noticiosa espanhola Europa Press.
O Governo alemão vai, como passo prévio para um eventual envio destes veículos blindados reivindicados pela Ucrânia, rever as reservas e a disponibilidade.
"A prioridade é a defesa aérea da Ucrânia e é nisso que nos estamos a concentrar", disse o ministro alemão, referindo ainda que está "em fase de discussão" o fornecimento de tanques do tipo Leopard por parte dos países que apoiam Kyiv.
Pistorius alegou ainda que está no cargo há pouco mais de 24 horas -- substituiu Christine Lambrecht, que se demitiu, fortemente questionada na sua gestão precisamente por causa dos apoios à Ucrânia -- e que deve "pesar" todos os aspetos antes de tomar uma decisão.
Rejeitou que haja uma "frente de aliados" maioritariamente a favor do envio e que estão a pressionar a Alemanha a desbloquear a autorização para que os Leopard - tanques de fabrico alemão que exigem que a autorização desse país seja dada para serem fornecidos a terceiros - sejam disponibilizados às forças ucranianas.
"Qualquer decisão sobre os Leopard será tomada em consenso com os aliados", acrescentou Pistorius, que assegurou que o seu Governo "não está sozinho" nesta opinião.
O ministro da Defesa insistiu ainda que o seu país "não deixará de apoiar a Ucrânia" e "durante o tempo que for necessário", recordando a forte contribuição alemã já dada a Kiev, apenas superada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido.
A partir de Berlim, o porta-voz do Governo, Steffen Hebestreit, negou que o executivo do chanceler Olaf Scholz tivesse tornado condição para fornecer tanques Leopard 2 à Ucrânia que os Estados Unidos enviassem tanques do tipo Abrams, que Washington descartou alegando razões logísticas.
O Grupo de Contacto para a Ucrânia, composto por aliados ocidentais de Kiev, está reunido hoje na base aérea norte-americana em Ramstein, na Alemanha, focado em aumentar o apoio militar àquele país contra a Rússia.
A reunião conta com a presença do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, do Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, e do ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, bem como dos seus homólogos da Alemanha, Reino Unido e Polónia, entre outros altos representantes de dezenas de países.
A ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, também participa na reunião.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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