"Estamos a assistir a uma convergência sem precedentes de crises que requerem uma resposta igualmente sem precedentes", alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao anunciar hoje as necessidades da organização, sublinhando que "o mundo não pode olhar para o outro lado e esperar que estas crises se resolvam sozinhas".
A guerra e os seus efeitos devastadores nas populações civis na Ucrânia, Iémen, Síria e Etiópia estão a juntar-se aos desastres naturais, como as inundações que cobriram um terço do Paquistão ou a seca e insegurança alimentar que assolam o Sahel e o Corno de África, realçou a OMS.
Esta situação ocorre numa altura em que as redes de apoio e de cuidados de saúde estão fragilizadas, ou até sem recursos, após três anos da pandemia de covid-19 e uma onda de epidemias de cólera e sarampo.
Segundo Tedros Ghebreyesus, a organização que dirige está atualmente a responder a 54 crises de saúde em todo o mundo, 11 das quais classificadas com o mais alto nível de emergência possível, exigindo uma resposta em larga escala.
Jarno Habicht, representante da OMS na Ucrânia, destacou no lançamento do apelo a fundos para a organização que o país já registou mais de 700 ataques a instalações de saúde, incluindo hospitais e ambulâncias, desde que a Rússia iniciou a sua invasão em larga escala em 24 de fevereiro de 2022.
Ao mesmo tempo, ataques a infraestruturas críticas em toda a Ucrânia significam que o sistema de saúde não consegue "desempenhar adequadamente as suas funções", declarou Habicht, notando que muitas vezes os profissionais trabalham sem eletricidade, aquecimento ou água em "circunstâncias muito difíceis".
As muitas emergências sanitárias surgem numa altura em que a necessidade de ajuda humanitária em geral está a aumentar.
As estimativas mais recentes da ONU indicam que um recorde de 339 milhões de pessoas em todo o mundo necessitará de alguma forma de assistência de emergência este ano, um aumento de quase um quarto em relação ao diagnóstico feito para 2022.
"São necessários meios e competências médicas especializadas de imediato, se não quisermos abandonar os doentes a desastres, doenças e morte", defendeu o antigo primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que é embaixador da OMS para o financiamento global da saúde.
"Quero apelar aos doadores que respondam urgentemente com financiamento para vacinas, tratamentos, equipamentos e especialização médica", referiu, pedindo que "deem uma injeção de esperança e de otimismo"
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