A doação foi feita na sequência de um debate entre a ativista e o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), António Vitorino, no qual "encontraram muitos pontos em comum" relativamente ao impacto das alterações climáticas na mobilidade humana, refere a organização em comunicado hoje divulgado.
Segundo a mesma fonte, Greta Thunberg defendeu, na conversa realizada por videoconferência, que é preciso apoiar as pessoas "antes de se mudarem, enquanto se mudam e depois de se mudarem", considerando que se deve enfrentar esta crise "pensando de forma holística como em qualquer outra emergência".
"Esta é uma questão de vida ou de morte para inúmeras pessoas que precisam de fugir por causa da crise climática", disse.
A posição foi secundada por António Vitorino que garantiu estar "totalmente de acordo" com Greta Thunberg.
"Acho que a geração mais jovem é uma fonte de inspiração e de resiliência e de ser incansável a enfrentar esse enorme desafio", afirmou, citado no comunicado.
De acordo com a OIM, 20 milhões de pessoas deslocam-se todos os anos devido aos efeitos das alterações climáticas, o que provoca "uma necessidade urgente de prevenir crises ambientais globais e abordar os impactos da migração climática".
É preciso "encontrar soluções para as pessoas ficarem e para as pessoas que se vão deslocar", considerou a organização.
"Quem mais sofre com as alterações climáticas são as populações que no passado menos contribuíram para os problemas que enfrentamos hoje", lembrou António Vitorino.
Por isso "há necessidade de solidariedade e corresponsabilidade pelo destino daquelas populações que já hoje experimentam no seu quotidiano o sofrimento associado às alterações climáticas", referiu ainda.
Só na Somália e no Paquistão, para onde a fundação da ativista enviou uma doação e que registaram nos últimos meses enchentes e secas inéditas, há -- de acordo com a OIM - mais de 15 milhões de pessoas que precisam de ajuda humanitária por causa de eventos climáticos extremos.
Agradecendo a contribuição, a OIM garantiu que está empenhada em fornecer assistência para salvar vidas no Paquistão e na Somália, mas sublinhou que a organização não pode realizar esse objetivo sozinha e que é preciso "aumentar a consciencialização sobre o impacto do clima na migração".
""Toda a gente tem um papel diferente a desempenhar. Organizações como a OIM são vitais no apoio às pessoas afetadas pelas alterações climáticas e aqueles que podem ajudar devem fazê-lo", afirmou Greta Thunberg, acrescentando que "aqueles que puderem levantar a voz para pedir justiça para os migrantes e pelo clima devem fazê-lo".
No último verão, chuvas de monção sem precedentes submergiram um terço do Paquistão, danificando dois milhões de casas e matando mais de 1.700 pessoas.
Milhões de pessoas passaram a viver abaixo do limiar da pobreza quando as monções destruíram vastas áreas de plantações e muitas famílias já empobrecidas perderam os seus meios de subsistência.
A Somália atravessa um período histórico de mais de dois anos de seca, algo que não acontecia há 40 anos, o que já levou mais de 1,5 milhões de pessoas a fugir dos seus locais de residência, tornando-se refugiados ou deslocados internos.
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