Três paramédicos despedidos devido a resposta a morte de Tyre Nichols
O jovem afro-americano foi morto por cinco polícias e a sua morte foi novamente motivo de protestos por todo o país, contra o racismo nas forças de autoridade e a violência policial.
© Getty Images
Mundo Tyre Nichols
A morte do jovem norte-americano Tyre Nichols, e a consequente resposta das forças de autoridade à emergência, tem levado a uma série de despedimentos e suspensões e, na segunda-feira, mais três paramédicos foram despedidos do Departamento de Bombeiros de Memphis, no estado do Minnesota.
Uma investigação interna concluiu que Robert Long, JaMichael Sandridge e a tenente Michelle Whitaker violaram políticas e protolocos do departamento, nomeadamente pela sua resposta lenta e "paciente" à emergência.
"As suas ações ou inações no local naquela noite não corresponderam às expectativas do Departamento de Bombeiros de Memphis e não são um reflexo do trabalho notável dos homens e mulheres do departamento", disse a instituição, num comunicado citado pela NBC News.
Na noite de 7 de janeiro, Tyre Nichols, de 29 anos, foi violentamente agredido por cinco agentes da polícia, durante uma operação de trânsito, sem nunca retaliar e depois de gritar pela mãe. Nichols acabaria por morrer três dias depois mas, além das inúmeras críticas à atuação da polícia e à brutalidade das agressões, os serviços de emergência também foram acusados de negligência e de desvalorizar o sucedido.
No comunicado, o Departamento de Bombeiros acrescenta que a sua investigação "concluiu que dois paramédicos responderam com base na natureza inicial da chamada (a pessoa tinha sido atingida com gás-pimenta) e em informação que foi dita no local, e falharam em fazer uma avaliação adequada a Nichols".
BREAKING:
— Dakarai Turner (@Dakarai_Turner) January 30, 2023
Memphis Fire has fired TWO EMT’s and a fire personnel who responded to Nichols’ beating.
Robert Long, JaMichael Sandridge & Lt. Michelle Whitaker.
Whitaker responded but never left the fire truck, they said.
They “failed to conduct an adequate patient assessment…” pic.twitter.com/DR6nZLZDBp
Esta referência dos bombeiros refere-se ao facto de a polícia ter pedido uma ambulância depois de agredir o jovem, mas referindo apenas que uma pessoa fora atingida então com o gás-pimenta. Long, Sandridge e Whitaker foram enviados para uma primeira localização e só chegaram ao local 10 minutos depois da chamada, às 20h41, encontrando Nichols encostado contra o carro-patrulha.
Long e Sandridge apoiaram a vítima, enquanto Whitaker manteve-se no interior do veículo.
Depois, às 20h46, foi então chamada uma ambulância. O veículo de emergência chegou às 20h55 e levou Nichols para o hospital às 21h08, cerca de 27 minutos depois dos três paramédicos terem chegado ao local.
Nichols foi pontapeado no corpo e na cara, agredido com bastões e atingido com gás-pimenta por cinco agentes da polícia, que alegaram ter travado o jovem afro-americano por causa de uma contraordenação de trânsito.
No entanto, a própria força policial de Memphis disse que não havia provas que demonstrassem qualquer delito por parte de Nichols, nem qualquer reação que merecesse a já desproporcional reação dos agentes.
As imagens das câmaras corporais dos polícias foram divulgadas na sexta-feira à noite. Nelas, é possível ver o jovem sem qualquer reação contra a detenção, gritando por ajuda e pela sua mãe (cuja casa ficava a menos de 100 metros), à medida que os agentes o agridem no chão. Nichols ainda tentou fugir, acabando por ser neutralizado com um 'taser'.
Os cinco polícias - Tadarrius Bean, Demetrius Haley, Emmitt Martin III, Desmond Mills Jr. e Justin Smith — foram despedidos no dia 20 de janeiro, depois de uma investigação interna. Outros dois polícias foram suspensos.
Bean, Haley, Martin, Mills e Smith foram acusados de homicídio em segundo grau, dois crimes de má conduta, dois crimes de rapto agravado, um crime de opressão e um crime de agressão agravada.
A morte de Nichols causou uma grande comoção nos Estados Unidos e reacendeu a luta pelos direitos da comunidade afro-americana no país, que tem sido desproporcionalmente afetada por ações mais agressivas por parte da polícia. Muitas têm sido as comparações com a morte de George Floyd, em 2020, cujo homicídio despertou protestos contra o racismo e contra a violência policial em todo o mundo.
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