Esta segunda-feira ficou marcada pelo devastador terramoto e pelas sucessivas réplicas que deixaram um rasto de destruição no leste da Turquia e no norte da Síria.
Os trabalhos de resgate seguem pela noite dentro, com os termómetros a marcarem temperaturas negativas em muitas zonas dos dois países. As equipas de socorro continuam à procura de sobreviventes debaixo dos escombros de milhares de edifícios, que desabaram ao longo da manhã e do dia.
A busca é também pelos corpos dos mortos, que se estimam que atinjam os 10 mil.
O maior terramoto desde 1939
Pelas 4h17 locais (menos três horas em Lisboa), um terramoto de magnitude 7.8 na escala de Richter foi registado a uma profundidade de cerca de 24 quilómetros, com o epicentro na província de Gaziantep, na Turquia. O abalo, contam as testemunhas, durou mais do que um minuto.
O sismo foi sentido por toda a região, desde o Líbano ao Chipre, mas os países mais abalados foram a Turquia e a Síria, nomeadamente nas regiões este e sudeste da Turquia, e a norte da Síria, onde uma parte da região continua dizimada pela guerra entre o regime e os rebeldes.
Pouco depois, durante a tarde, uma forte réplica de 7.5 na escala de Richter voltou a fazer tremer a terra, além das dezenas de mais pequenas réplicas que foram sendo registadas ao longo do dia.
À data desta publicação, morreram mais de 3.823 pessoas, com as autoridades turcas a registarem pelo menos 2.300 e a Síria a registar mais de 1.400. Milhares de edifícios colapsaram, com o grande impacto do terramoto durante a madrugada a soterrar milhares de pessoas enquanto dormiam.
No entanto, os especialistas estimam que o número total de mortos possa ascender a 10.000 vítimas.
Segundo o Governo português, não há para já registo de qualquer cidadão português ferido ou morto pelo sismo.
Ajuda a caminho
Ao longo do dia, vários países, organizações não governamentais e entidades manifestaram o seu apoio à Turquia e à Síria, prometendo ajudar a população em maior risco.
A União Europeia ativou rapidamente o Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Reino Unido, Estados Unidos e Canadá comprometeram-se também ajudar os dois países.
A Ucrânia e a Rússia disponibilizaram-se a ajudar a Turquia (que tem sido um importante mediador no conflito na Ucrânia), e até Israel, que tem estado em conflito direto com os dois países, prometeu aceder aos pedidos de ajuda - isto apesar de a Síria garantir que não pediu ajuda ao governo de Telavive.
Próximos dias
Nos próximos dias, as equipas de resgate provenientes de todo o mundo começarão a chegar à Turquia e à Síria para apoiar a população, embora se desconheça ainda as circunstâncias em que o apoio humanitário chegará ao norte da Síria. Isto porque, apesar da catástrofe, as regiões ocupadas pela oposição ao regime do ditador Bashar al-Assad continuam sob fortes restrições, tanto por parte dos países em torno da região, como das autoridades internacionais.
Entretanto, o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, decretou sete dias de luto nacional pelas vítimas mortais, que durará até à meia-noite do dia 12 de fevereiro.
Organizações não-governamentais, como a Human Rights Watch ou o International Rescue Committee, estão a pedir também que seja aumentada a ajuda internacional no norte da Síria, onde a população, gravemente afetada pelas consequências da guerra que dura há mais de dez anos, encontra-se agora ainda mais fragilizada.
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