No Conselho Europeu, e após passagem pelo Parlamento, Volodymyr Zelenksy discursou e alertou os líderes europeus para o facto de a Rússia ter “recursos” suficientes para lançar ataques híbridos aos países da União Europeia (UE).
A Rússia, diz, pode lançar “ofensivas híbridas”, com técnicas como “desinformação, sabotagem, influência de políticos, corrupção e ciberataques”.
“A Rússia tem várias ferramentas", asseverou, afirmando que Putin pode usar essas ferramentas não só nos “países vizinhos” - como a Moldávia, os Países Bálticos ou a Polónia.
"Já vimos isso nos Balcãs, e infelizmente conseguimos vê-lo a qualquer momento em qualquer zona da Europa. Se alguém em Moscovo quiser realizar uma nova ofensiva militar ou híbrida, será que vamos conseguir defender-nos?", avisou o presidente ucraniano, que pediu celeridade nas decisões sobre defesa.
Não há Europa livre sem Ucrânia livre, diz Zelensky
O presidente ucraniano disse ainda que "uma Europa livre não pode ser imaginada sem uma Ucrânia livre" e agradeceu à UE por dar apoio numa "escala consistente e ampla".
"A Europa não deveria ter zonas cinzentas, todo o nosso continente deveria estar aberto ao destino europeu", disse os 27 líderes.
Advertiu ainda que a UE precisa ser mais prática nas sanções contra Moscovo, e pediu à Europa um tribunal contra a Rússia.
Ladeado pelo presidente do Conselho, Charles Michel, e perante os presidentes e primeiros-ministros dos 27, Zelensky agradeceu o "apoio incondicional" que o país recebeu desde o início da guerra, há praticamente um ano: os sucessivos pacotes de sanções, o acolhimento de refugiados, o auxílio humanitário e económico-financeiro e, especialmente, o armamento que está a ser utilizado para contrariar a ofensiva de Moscovo.
E insistiu no pedido que tem feito nas últimas semanas: "Precisamos de artilharia, das munições, dos tanques, dos mísseis de longo alcance e dos caças."
O 10.º pacote de sanções vai estar, em princípio, pronto no dia 24 de fevereiro e o Presidente da Ucrânia insistiu na necessidade de incluir a energia nuclear russa: "Acham justo não haver sanções quando a Rússia ameaça com uma nuvem nuclear?", questionou.
Volodymyr Zelensky anunciou também que recentemente conversou com a Presidente da Moldova sobre um alegado plano do Kremlin para destruir aquele país vizinho da Ucrânia.
"Quando recebi este documento avisei imediatamente a Moldova sobre esta ameaça para protegê-la. Acredito que todos vocês fariam o mesmo. Não sei se Moscovo deu a ordem para prosseguir com este plano, mas é muito semelhante àquele que quiseram implementar na Ucrânia", acrescentou.
Zelensky recordou os pioneiros da União Europeia Robert Schumann e Jean Monnet e considerou que o ideal que criaram necessidade "de mais um componente, sem o qual tudo é débil: a segurança".
E apelou a uma "transformação conjunta" entre os 27 e os países que ambicionam fazer parte a União, nomeadamente a Ucrânia: "Se conseguirmos, os vossos nomes ficarão para a História ao lado dos de Schumann e Monnet."
A Ucrânia "nunca quis esta guerra, nunca quis qualquer guerra", prosseguiu Zelensky, e "sempre tentou preservar a paz", mas hoje é necessário o apoio de toda a União Europeia para que "a Europa continue unida", com uma "Ucrânia independente, uma Moldova independente, uma Geórgia independente e todos os outros Estados que fazem parte da família europeia".
[Notícia atualizada às 12h54]
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