Num comunicado citado pela agência EFE, o presidente da Médicos do Mundo, José Fernández, explica que "vários edifícios e abrigos no noroeste da Síria foram destruídos", enquanto "hospitais estão danificados e sobrecarregados" e as clínicas da organização "estão parcial ou totalmente danificadas".
"A população das zonas afetadas luta por ter acesso a infraestruturas básicas, como água ou eletricidade" e "muitos profissionais de saúde suspenderam a sua atividade, porque estão a lidar com as consequências pessoais deste desastre", adiantou Fernández.
Por isso, esta organização de saúde insiste que existe "grande necessidade de uma resposta médica de emergência e uma rápida recuperação dos serviços de saúde" em áreas que "já estão assoladas por surtos de cólera e problemas nutricionais".
O que é mais necessário, segundo apontam, são 'kits' médicos e de primeiros socorros, além de consumíveis cirúrgicos, mantas e colchões.
O vice-presidente da Médicos do Mundo, José Félix Hoyo, lamenta a "situação desastrosa" na fronteira turca com a Síria, nomeadamente na cidade de Hatay, na Turquia, onde esta organização tinha um escritório regional, que entregava ajuda à Síria e que foi "completamente destruído".
A organização tem apelado à comunidade internacional e às organizações humanitárias para que a ajuda humanitária não seja travada e seja facilitada a entrega de material para a Síria, o que passa pela "abertura de outros pontos de entrada transfronteiriça além de Bab Al Hawa".
A Médicos do Mundo considera ainda que as Nações Unidas e a comunidade responsável por doações devem "orientar os fluxos de financiamento" para garantir que conseguem fazer face às necessidades da forma mais relevante.
Apela ainda para se investir em programas "destinados a restabelecer infraestruturas básicas vitais" na região, com prioridade para as instalações de água, saneamento, higiene e saúde.
Segundo a organização, além de planear o apoio de longo prazo para as regiões afetadas, o financiamento adicional "deve priorizar o apoio a organizações locais, que foram e são as primeiras a responder" a este tipo de desastres.
No noroeste da Síria mais de quatro milhões de pessoas já dependiam de ajuda humanitária e viviam em condições terríveis, devido aos efeitos de 12 anos de conflito, pelo que o sismo do dia 06 de fevereiro acrescentou "um fardo insuportável a uma situação já desesperada" no meio de inverno, acrescenta a organização.
A Síria e a Turquia foram atingidas, na madrugada de segunda-feira, por um terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter, a que se seguiram várias réplicas, uma das quais de magnitude 7,5.
Os sismos já provocaram mais de 21 mil mortos, dos quais cerca de 19.400 na Turquia e pelo menos 3.380 na Síria.
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