Num comunicado, a autoproclamada Administração Autónoma do Norte e Leste da Síria (AANES), liderada por curdos, adiantou que 53 camiões carregados com ajuda humanitária puderam finalmente ultrapassar o cruzamento de Umm Khalud, após uma semana de bloqueio imposto pelas milícias aliadas da Turquia, inimigas dos curdos.
"Sete dias depois de grupos armados e apoiados pela Turquia terem bloqueado o acesso, o 'comboio' conseguiu seguir o seu caminho com a ajuda humanitária proporcionada pela Administração Autónoma", asseguraram, por seu lado, as Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança armada liderada por curdos filiados na ANNES.
O 'comboio' leva a bordo ajuda humanitária doada pela população e pelas tribos do nordeste da Síria, segundo o FDS, que já pormenorizara anteriormente que o material tinha como destino a província de Idlib e a cidade de Afrin, controlada por Ancara e pelas milícias aliadas em Alepo.
A Turquia considera o principal componente das FDS, as Unidades de Proteção Popular (YPG), como um grupo terrorista que, nos últimos anos, tem sido alvo das suas principais operações na Síria e que ameaçou com uma nova ofensiva há apenas três meses, depois de as responsabilizar por um ataque em Istambul.
Até hoje tinham fracassado todas as tentativas das autoridades curdas do nordeste da Síria, zona que quase não foi afetada pelos sismos, para fazer chegar ajuda humanitária ao noroeste do país, onde o apoio humanitário só começou a chegar quatro dias depois dos terremotos.
Segundo os dados mais recentes, os sismos deixaram pelo menos 3.575 mortos e 5.291 feridos na Síria, embora tanto o Ministério da Saúde sírio quanto os 'capacetes brancos', que lideram as buscas nas regiões rebeldes, não consigam atualizar os dados com maior frequência.
Segundo os dados hoje divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os sismos que devastaram há uma semana o sul da Turquia e o noroeste da Síria causaram pelo menos 40.943 mortes -- 31.643 mortos na Turquia e cerca de 9.300 na Síria.
Na Síria, país assolado por uma guerra civil desde 2011, indicou a OMS, cerca de 4.800 pessoas morreram nas áreas controladas pelo regime do Presidente Bashar al-Assad, enquanto nas áreas controladas pelos rebeldes foram contabilizadas cerca de 4.500 vítimas mortais.
Leia Também: Turquia. Novo balanço da OMS aponta para quase 41.000 mortes