"Na Turquia, o número total de crianças que vivem nas dez províncias afetadas pelos dois terramotos é de 4,6 milhões. Na Síria, 2,5 milhões de crianças foram afetadas", disse o porta-voz da UNICEF, James Elder, numa conferência de imprensa em Genebra, citado pela agência francesa AFP.
Elder disse que muitas crianças sobreviventes perderam os pais na catástrofe, que provocou mais de 35 mil mortos na Turquia e na Síria.
O porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) disse que muitas crianças, juntamente com as suas famílias, "estão a dormir nas ruas, em centros comerciais, escolas, mesquitas, estações de autocarros e debaixo de pontes, por medo de regressar a casa".
Desconhece-se o número de crianças que ficaram órfãs, mas pelo menos 1.362 foram separadas das suas famílias nas áreas afetadas da Turquia, referiu Elder, segundo a agência espanhola EFE.
A ministra da Família e dos Serviços Sociais turca, Derya Yanik, disse hoje que "369 crianças foram identificadas pelas suas famílias e entregues a elas".
Disse também que 792 menores estão a ser tratados em vários hospitais, enquanto outros 201 foram alojados em instituições do seu ministério.
"Identificámos 1.071 destas crianças. As identidades de 291 ainda não foram determinadas", afirmou.
As autoridades turcas apelaram ao público para entregar a funcionários do Estado quaisquer menores não acompanhados que encontrarem, e não a pessoas que afirmem ser familiares próximos.
Nesse apelo, recordaram que no sismo que afetou a Turquia em 1999, crianças foram raptadas para vários fins, incluindo tráfico de órgãos.
O porta-voz da UNICEF disse ainda que no lado sírio, os sismos atingiram um território onde as "crianças com menos de 12 anos só conheceram conflitos, violência e deslocações forçadas".
Muitas dessas crianças tiveram de mudar de casa até seis ou sete vezes durante a guerra civil síria, que começou em 2011.
Os sismos ocorreram em dois locais diferentes do sudeste da Turquia, junto à fronteira com a Síria, tendo atingido magnitudes de 7,8 e 7,5 na escala de Richter, com réplicas fortes, uma das quais de 6,0.
Mais de uma semana depois, as equipas de resgate conseguiram hoje retirar quatro pessoas com vida dos escombros de edifícios nas cidades turcas de Kahramanmarash e Adiyaman.
Os canais de televisão turcos transmitiram em direto o resgate de dois irmãos de 17 e 20 anos em Kahramanmarash, que foram enviados para hospitais com diferentes graus de ferimentos.
Momentos mais tarde, um jovem de 18 anos foi retirado dos escombros em Adiyaman.
A agência turca Anadolu noticiou o resgate de uma professora de 26 anos, 201 horas depois do primeiro sismo.
Apesar dos sucessos de hoje, os trabalhos de salvamento pararam na maioria dos locais e as equipas de salvamento estrangeiras começaram a regressar a casa, enquanto gruas e outras máquinas de trabalho começaram a remover os escombros, segundo a EFE.
Vários países, incluindo Portugal, enviaram equipas especializadas de busca e salvamento para a Turquia.
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