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Consórcio de jornalistas acusa empresa israelita de influenciar eleições

Uma empresa israelita clandestina, especializada em manipulação eleitoral, tem sido utilizada para influenciar dezenas de eleições em todo o mundo, revelou hoje a investigação de um consórcio de jornalistas.

Consórcio de jornalistas acusa empresa israelita de influenciar eleições
Notícias ao Minuto

13:06 - 15/02/23 por Lusa

Mundo Eleições

A empresa, sem existência legal, apelidada pelos jornalistas de Team Jorge por causa do pseudónimo de um dos seus dirigentes, Tal Hanan, é constituída por antigos membros dos serviços de segurança israelitas, de acordo com uma investigação do consórcio de jornalistas Forbidden Stories, cujo resultado foi hoje divulgado.

Três membros do Forbidden Stories - um jornalista da Radio France, um do jornal israelita Haaretz e outro do jornal israelita The Marker -- apresentaram-se como potenciais clientes para obter informações sobre a Team Jorge durante vários meses.

A empresa já esteve envolvida no escândalo Cambridge Analytics, em 2018, quando esta organização foi acusada de ter analisado largos volumes de dados para vender ferramentas de influência que foram utilizadas por clientes como o ex-Presidente dos EUA Donald Trump.

Com a sua nova estrutura, a Team Jorge terá "interferido em 33 campanhas eleitorais a nível presidencial", de acordo com declarações que fez aos jornalistas, que se apresentaram como falsos clientes.

Dessas 33 campanhas, dois terços tiveram lugar na África de língua inglesa e francófona.

Na Europa, a empresa teria interferido no referendo, não reconhecido pelo Governo espanhol, organizado pelos separatistas catalães em 2014.

Para as suas atividades, a empresa desenvolveu, há seis anos, uma plataforma digital, AIMS (Advanced Impact Media Solutions, em inglês, ou soluções avançadas para o impacto dos 'media'), que permite criar contas falsas nas redes sociais, mas também ativá-las, e dar-lhes uma aparência real, de acordo com a investigação jornalística.

"No início de janeiro de 2023, o sistema utilizava 39.213 perfis falsos diferentes, que podem ser consultados numa espécie de catálogo. São avatares de todas as etnias e nacionalidades, de todos os géneros. (...) Os seus rostos são retratos como pessoas reais tiradas da Internet", descreve a Radio France, a partir da leitura da investigação do Forbidden Stories.

"Para demonstrar a eficácia de uma das suas ferramentas, a Team Jorge assumiu o controlo dos sistemas de 'e-mail' de vários altos funcionários africanos", de acordo com a investigação jornalística.

A empresa também fazia lóbi junto de decisores políticos ou de jornalistas, em nome dos seus diversos clientes.

O Forbidden Stories é um consórcio de jornalistas criado em 2017, cuja missão é dar continuidade ao trabalho de outros jornalistas que são ameaçados, presos ou assassinados, tendo sido da sua responsabilidade a investigação que desencadeou o escândalo de espionagem relacionado com a empresa israelita Pegasus, em 2021.

Leia Também: Portugal. Mais de 80% dos media já deu notícias falsas saídas das 'redes'

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