Diplomacia etíope alerta para risco de investigações no Tigray minarem paz

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia advertiu hoje que as investigações apoiadas pela Organização das Nações Unidas sobre as violações dos direitos humanos em Tigray poderia "minar" o progresso de um acordo de paz assinado no ano passado.

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© AMANUEL SILESHI/AFP via Getty Images

Lusa
15/02/2023 16:44 ‧ 15/02/2023 por Lusa

Mundo

Etiópia

A guerra assolou Tigray durante dois anos. Um acordo de paz foi assinado em novembro de 2022 em Pretória, na África do Sul, entre o Governo etíope e os rebeldes nesta região norte da Etiópia.

Num relatório publicado em setembro de 2022, peritos independentes da ONU referiram que tinham "suspeitas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Tigray", cometidos por todas as partes.

O Governo etíope, embora rejeitando o relatório, lançou uma ofensiva diplomática para impedir os peritos independentes da ONU de continuarem o seu trabalho.

O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Demeke Mekonnen, escreveu hoje na rede social Twitter que a investigação "poderia minar o processo de paz liderado pela União Africana e a implementação do acordo de paz de Pretória com retórica inflamada".

Numa conferência de imprensa na semana passada, o Presidente da Eritreia, Issaias Afeworki, rejeitou as acusações de violações dos direitos humanos pelo seu exército em Tigray, classificando-as de um "sonho irrealizável" e de "desinformação".

As tropas da Eritreia têm apoiado as forças governamentais etíopes na sua ofensiva de novembro de 2020 contra as autoridades rebeldes na região de Tigray.

Os Estados Unidos da América e organizações de direitos humanos acusaram-nas de cometerem atrocidades durante o conflito, incluindo o massacre de centenas de civis.

Adis Abeba e Asmara negaram durante meses qualquer envolvimento eritreu no Tigray. Em finais de março de 2021, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, admitiu finalmente a sua presença. A sua partida foi anunciada várias vezes, mas nunca verificada.

Estas tropas foram acusadas de pilhagem, massacres e violações durante todo o conflito, nomeadamente na cidade de Aksum ou na aldeia de Dengolat.

Asmara não participou nas discussões do acordo de paz, que previa o desarmamento das forças do Trigay, que deveria ter lugar "simultaneamente com a retirada das forças estrangeiras", em referência à Eritreia, o que nunca foi mencionado no documento. Os rebeldes do Tigray começaram a entregar as suas armas pesadas em janeiro.

Desconhece-se a dimensão exata deste conflito, que foi marcado por abusos. O enviado da União Africana para o Corno de África, Olusegun Obasanjo, disse em meados de janeiro que podem ter sido mortas até 600.000 pessoas.

O acesso ao Tigray é restrito, tornando impossível a verificação independente da situação no terreno.

Desde que o acordo foi assinado, foi restaurada a energia em algumas partes do Tigray, assim como as ligações aéreas.

Leia Também: Eritreia rejeita acusações de violações de direitos humanos no Tigray

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