A guerra assolou Tigray durante dois anos. Um acordo de paz foi assinado em novembro de 2022 em Pretória, na África do Sul, entre o Governo etíope e os rebeldes nesta região norte da Etiópia.
Num relatório publicado em setembro de 2022, peritos independentes da ONU referiram que tinham "suspeitas de crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Tigray", cometidos por todas as partes.
O Governo etíope, embora rejeitando o relatório, lançou uma ofensiva diplomática para impedir os peritos independentes da ONU de continuarem o seu trabalho.
O vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, Demeke Mekonnen, escreveu hoje na rede social Twitter que a investigação "poderia minar o processo de paz liderado pela União Africana e a implementação do acordo de paz de Pretória com retórica inflamada".
Numa conferência de imprensa na semana passada, o Presidente da Eritreia, Issaias Afeworki, rejeitou as acusações de violações dos direitos humanos pelo seu exército em Tigray, classificando-as de um "sonho irrealizável" e de "desinformação".
As tropas da Eritreia têm apoiado as forças governamentais etíopes na sua ofensiva de novembro de 2020 contra as autoridades rebeldes na região de Tigray.
Os Estados Unidos da América e organizações de direitos humanos acusaram-nas de cometerem atrocidades durante o conflito, incluindo o massacre de centenas de civis.
Adis Abeba e Asmara negaram durante meses qualquer envolvimento eritreu no Tigray. Em finais de março de 2021, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, admitiu finalmente a sua presença. A sua partida foi anunciada várias vezes, mas nunca verificada.
Estas tropas foram acusadas de pilhagem, massacres e violações durante todo o conflito, nomeadamente na cidade de Aksum ou na aldeia de Dengolat.
Asmara não participou nas discussões do acordo de paz, que previa o desarmamento das forças do Trigay, que deveria ter lugar "simultaneamente com a retirada das forças estrangeiras", em referência à Eritreia, o que nunca foi mencionado no documento. Os rebeldes do Tigray começaram a entregar as suas armas pesadas em janeiro.
Desconhece-se a dimensão exata deste conflito, que foi marcado por abusos. O enviado da União Africana para o Corno de África, Olusegun Obasanjo, disse em meados de janeiro que podem ter sido mortas até 600.000 pessoas.
O acesso ao Tigray é restrito, tornando impossível a verificação independente da situação no terreno.
Desde que o acordo foi assinado, foi restaurada a energia em algumas partes do Tigray, assim como as ligações aéreas.
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