"Claro que (...) todos esperam ouvir uma avaliação dos acontecimentos atuais, da operação militar especial, da situação internacional e a opinião do presidente sobre como estamos a lidar com tudo isto e como vamos desenvolver-nos [como país]", indicou, no domingo, o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, em declarações no programa 'Moscú.Kremlin.Putin', transmitido na televisão pública Russia-1.
"Toda a nossa vida gira agora em torno da operação militar especial, que afetou toda a nossa vida de uma forma ou de outra, afeta a vida no continente. E é por isso que se deve esperar que o Presidente lhe preste muita atenção", assinalou ainda Peskov, numa referência à campanha militar iniciada em fevereiro do ano passado no território ucraniano.
A intervenção é feita três dias antes de ser assinalado o primeiro aniversário da ofensiva militar russa na Ucrânia, iniciada na madrugada de 24 de fevereiro de 2022.
É também o primeiro discurso sobre o Estado da Nação feito por Putin em quase dois anos.
O Kremlin não permitiu que meios de comunicação social de países considerados como "inimigos" obtivessem acreditação para fazer a cobertura mediática do discurso.
O dia escolhido para o discurso, que será transmitido por todas as televisões públicas do país, coincide com a data em que Vladimir Putin assinou o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Lugansk e de Donetsk, na região do Donbass (leste ucraniano).
Nesse mesmo dia, 21 de fevereiro de 2022, Putin ordenou a mobilização do Exército russo para "manutenção da paz" nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, um prelúdio para o início da ofensiva militar contra a Ucrânia que aconteceria poucos dias depois.
Em setembro passado, e apesar de não ter o controlo total das regiões em causa, a Rússia anunciou a anexação de quatro regiões ucranianas - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia -, decisão contestada e rejeitada por Kyiv e pela generalidade da comunidade internacional.
Após um ano do início da ofensiva militar, levada a cabo sob o pretexto da necessidade de "desnazificar" e "desmilitarizar" a Ucrânia para segurança da Rússia, Putin não atingiu o objetivo de controlar totalmente o Donbass, ainda que tenha conseguido manter um corredor terrestre que une o leste ucraniano à anexada península ucraniana da Crimeia (em 2014), através da costa do mar de Azov.
Nas últimas semanas, fontes ucranianas e ocidentais têm alertado para o início de uma nova grande ofensiva russa, cenário que tem desencadeado apelos para aumentar o fornecimento de armamento a Kyiv.
Em reação à ofensiva russa, a comunidade internacional tem imposto à Rússia sanções políticas e económicas sem precedentes.
Leia Também: "Russos tentam ridicularizar visita [de Biden], mas Putin vai responder"