ONU. Presidente da AG admite divisão geopolítica mas nega 'guerra fria'

O presidente da Assembleia Geral (PGA) da ONU admite uma "profunda" divisão geopolítica causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, mas avalia que a 'Guerra Fria' foi um "fenómeno muito específico" do passado, que não deverá repetir-se.

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Lusa
23/02/2023 06:33 ‧ 23/02/2023 por Lusa

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Csaba Korosi

"A divisão geopolítica no mundo é muito profunda. Faz parte da nossa vida e temo que fará parte da nossa vida. Ela vai ficar connosco. Mas quando nos referimos à Guerra Fria, é um fenómeno muito específico que dominou a vida no mundo, na Europa e fora da Europa, por quatro décadas. Espero que não se repita", disse Csaba Korosi em entrevista à Lusa, quando questionado sobre as consequências de um ano de guerra da Rússia na Ucrânia.

"Sabemos e vemos que existe e haverá uma rivalidade geopolítica. Mas todo aquele confronto total que era característico da Guerra Fria deveria ser evitado. Nós aqui estamos a esforçar-nos muito para resolver projetos que possam unir os interesses dos países, que possam servir à humanidade e que possam servir à transformação de que todos precisamos", acrescentou.

Em entrevista à Lusa na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, o diplomata da Hungria afirmou que, apesar de ser europeu de leste, a sua leitura é apenas "em total acordo com a Carta das Nações Unidas".

"No caso da guerra ucraniana, a minha abordagem é a abordagem da Carta da ONU. A carta da ONU foi desrespeitada pela agressão. A carta da ONU foi desrespeitada pela anexação do território. A carta da ONU foi desrespeitada ao atacar objetivos civis e infraestrutura civil. Isso tudo deve ser parado", apelou.

Sobre o facto de países como a China se manterem neutros em relação a este conflito, Korosi frisou que, apesar da condição de Presidente do plenário da ONU o obrigar a ser imparcial e a manter as portas do seu gabinete abertas para todos os Estados-membros, isso não significa a sua neutralidade face ao direito internacional e à Carta da ONU.

"Posso falar apenas em meu nome, já que o meu gabinete deve ser imparcial. Eu tenho que manter as minhas portas abertas para todos os atores. Mas isso não significa que sou neutro nas questões da Carta da ONU e do direito internacional. A Carta da ONU e o direito internacional devem ser respeitados. E os futuros acordos de paz, acredito, devem ser baseados na Carta da ONU e no direito internacional", defendeu,

"Mas, ainda assim, falo com todas as partes, com todos os atores. Estou a tentar oferecer os meus serviços a quem puder para trazer paz, para trazer um cessar-fogo, trazer reconciliação. (...) Não temos tempo a perder", sublinhou.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa na Ucrânia, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

O conflito revelou também a incapacidade da ONU e do seu Conselho de Segurança de manter a paz e a segurança internacionais quando um dos seus membros permanentes decidiu unilateralmente travar uma guerra.

Leia Também: Kyiv rejeita "meio termo" perante violação da Carta da ONU

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