O chamado Acordo de Argel, assinado em 2015 pelo Estado maliano e grupos lealistas com uma aliança de grupos independentistas e autonomistas dominada pelos tuaregues, pôs fim às hostilidades desencadeadas em 2012 pelos rebeldes separatistas e salafistas no norte do Mali.
Por seu lado, os 'jihadistas' continuaram os combates, e a crise de segurança no país alastrou ao centro do Mali, bem como ao Burkina Faso e ao vizinho Níger.
Este acordo de paz, que prevê nomeadamente medidas de descentralização e a integração de ex-rebeldes no exército nacional maliano, praticamente não foi, até agora, aplicado.
A aliança dos grupos independentistas e autonomistas, a Coordenação dos Movimentos Azawad (CMA), anunciou em dezembro passado que suspendia a sua participação na aplicação do acordo.
Uma equipa de mediação internacional, com a Argélia em lugar de destaque, tenta há várias semanas aproximar as partes -- e foi nesse contexto que o chefe de Estado argelino, Abdelmadjid Tebboune, recebeu hoje em Argel os dirigentes e representantes dos grupos signatários do acordo de paz, em visita ao país há alguns dias, indicou igualmente um comunicado de um desses grupos.
Saudando o papel que a Argélia está a desempenhar na "resolução dos problemas no Mali", um porta-voz dos movimentos malianos declarou que o encontro permitiu sublinhar o firme compromisso de Argel em prol de uma "nova dinâmica de paz na região", noticiou a agência oficial argelina APS.
Num comunicado, a CMA disse ter apresentado as suas expectativas e prioridades e fornecido "eventuais soluções que possam ajudar a sair do impasse e do atual 'status quo'.
O presidente Tebboune reafirmou o forte compromisso da Argélia com os malianos "de todos os quadrantes" para alcançar "um acordo com o empenho de uma vontade conjunta, com garantias mais rigorosas", lê-se no comunicado.
A junta maliana no poder manifestou o desejo de aplicar o acordo de paz depois de ter recebido embaixadores da equipa de mediação, em meados de fevereiro.
Este acordo de paz, cada vez mais publicamente considerado obsoleto por alguns malianos, é, no entanto, encarado como um elemento essencial para o regresso à estabilidade política e militar naquele enorme país há mais de dez anos mergulhado num conflito.
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