Família síria recorda como passou 40 horas sob os escombros após sismo

Mustafa, de 33 anos, a mulher e os três filhos, de seis, cinco e três anos, estiveram quase dois dias sob os escombros após os sismos que assolaram o sul da Turquia e o norte da Síria.

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© OMAR HAJ KADOUR/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto
27/02/2023 23:18 ‧ 27/02/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Sismo

Foi no passado dia 6 de fevereiro que dois terramotos de magnitudes 7,6 e 7,4 atingiram o sul da Turquia e o norte da Síria. Dois dias depois, uma família de cinco pessoas foi resgatada com vida dos escombros de um prédio em Besnaya-Bseineh, no distrito sírio de Harem.

Passadas cerca de três semanas, Mustafa al-Sayed, de 33 anos, recorda à agência de notícias Al Jazeera o momento em que os voluntários da Defesa Civil síria o retiraram dos escombros, junto com a sua mulher, Duaa, e os três filhos, Maryam, Zuheir e Ilaf. 

"Foi uma sensação tão feliz, saber que ainda há pessoas neste mundo dispostas a arriscar tudo para salvar uma vida", contou. “Lembro-me de sorrir assim que voltei a ver o céu”.

Mustafa e a mulher acordaram quando o primeiro sismo abalou a Síria. Levantaram-se para ir ver os filhos, mas em 30 segundos o apartamento de quatro andares desmoronou. 

“Comecei a gritar, chamei pela minha mulher. Graças a Deus, ela respondeu-me. Ambos começámos a gritar os nomes dos nossos filhos, esperando que estivessem vivos e perto de nós. Maryam, a minha filha de seis anos, foi a primeira a responder”, contou à Al Jazeera.  De seguida, respondeu Zuheir, de cinco anos, e Ilaf, de três. 

Na mesma casa residiam ainda o irmão de Mustafa, Mohammed, a mãe e duas irmãs. Nenhum deles sobreviveu. “Os meus amigos e vizinhos no edifício... famílias inteiras, desapareceram”, lamentou.

Sobre as cerca de 40 horas que passou debaixo dos escombros, Mustafa contou que “passava o tempo consciente”. “Tentava ouvir qualquer som de pessoas acima de nós, qualquer pessoa que nos pudesse ouvir. Tentei fazer barulho ao bater repetidamente com uma pedra nos escombros, mas ela desintegrou-se na minha mão”, disse. 

Os filhos queixavam-se de fome e sede, mas Mustafa apenas lhe conseguia pedir que tentassem dormir e rezar. “Quando acordavam, pedia a cada um deles que recitasse o que tinham memorizado do Alcorão”, afirmou.

Deitado nos escombros, apesar de não conseguir mexer as pernas, tentava tirar os pedaços dos escombros de cima das crianças e colocá-los sobre si porque queria que os filhos “sobrevivessem”. A filha mais velha, Maryam, partiu uma perna, “mas nunca chorou”. 

De acordo com a Al Jazeera, a família encontra-se desalojada. As crianças e a mulher de Mustafa estão temporariamente em casa de familiares, enquanto o homem e o seu pai dormem num carro. 

Segundo os mais recentes dados, os sismos provocaram mais de 50 mil mortos na Turquia e na Síria, 5.800 dos quais em território sírio. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 8,8 milhões de pessoas tenham sido afetadas.

Leia Também: Turquia. Banco Mundial diz que danos ultrapassam 32 mil milhões

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