Israelita morto na Cisjordânia ocupada tinha também nacionalidade dos EUA
O israelita que morreu hoje num tiroteio junto a um colonato judaico na Cisjordânia ocupada, na sequência da escalada de violência na região, tinha também nacionalidade norte-americana, divulgou o Departamento de Estado dos EUA.
© Getty Images
Mundo Cisjordânia
"Condenamos os atrozes assassínios de dois irmãos israelitas perto de Nablus e o assassínio hoje de um israelita perto de Jericó, que -- ao que sabemos - também era cidadão norte-americano", destacou, durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
"Também condenamos a violência indiscriminada e em larga escala dos colonos contra os civis palestinianos após os assassinatos", acrescentou Ned Price.
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, um palestino foi morto e 300 ficaram feridos no ataque de colonos israelitas, no qual prédios e carros também foram incendiados.
"Esses atos são totalmente inaceitáveis", salientou ainda.
Ned Price sublinhou também que Washington apreciou os apelos de Benjamin Netanyahu e Isaac Herzog, primeiro-ministro e Presidente de Israel, respetivamente, pelo fim de toda a violência de autoproclamados vigilantes.
"Esperamos que o Governo israelita garanta que os responsáveis por esses ataques sejam totalmente responsabilizados e levados à justiça", destacou.
O tiroteio de hoje ocorreu num cruzamento perto do assentamento judaico de Beit Arava, na área da cidade palestiniana de Jericó, especificaram o Exército e os serviços médicos israelitas.
O homem, de 27 anos, ficou gravemente ferido e foi levado para o hospital em estado crítico, enquanto as equipas médicas tentavam a sua reanimação, referiram os serviços médicos de emergência israelitas Magen David Adom (MDA) e United Hatzalah. No entanto, a vítima não sobreviveu.
Segundo o Exército israelita, os autores do ataque seriam várias pessoas que dispararam de um veículo e em seguida fugiram do local.
Desde domingo que se regista um novo pico de violência no contexto do conflito israelo-palestiniano, depois de um homem armado ter matado dois colonos israelitas na cidade palestiniana de Huwara, perto da cidade de Nablus, no norte da Cisjordânia.
Depois disso, grupos de colonos pediram vingança e cerca de 400 pessoas atacaram a cidade, onde queimaram casas, carros e forçaram a evacuação de famílias palestinianas.
Segundo os 'media' e analistas, foi o maior ataque de colonos em décadas e resultou ainda na morte de um palestiniano e mais de 300 feridos, enquanto os ataques se espalharam para outras cidades palestinianas no norte da Cisjordânia.
As respostas dos habitantes dos colonatos israelitas na Cisjordânia ao atentado palestiniano revelaram, contudo, as primeiras brechas na coligação governamental de Telavive, com o primeiro-ministro Benjamim Netanyahu, a pedir calma, enquanto representantes dos partidos ultraortodoxos da extrema-direita elogiaram a forma como colonos reagiram.
O Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, responsabilizou o Governo israelita pelo que considerou serem "atos terroristas realizados por colonos sob a proteção das forças de ocupação".
A violência eclodiu logo depois de o Governo jordano ter acolhido, na estância balnear de Aqaba, no Mar Vermelho, uma ronda de negociações entre israelitas e palestinianos, sob mediação dos Estados Unidos, com o objetivo de diminuir as tensões antes do mês sagrado muçulmano do Ramadão.
A escalada de violência tem-se repercutido em ataques quer de colonos, quer de palestinianos, além de intensas incursões, muitas vezes com confrontos armados, que o Exército israelita realiza regularmente há um ano na Cisjordânia, especialmente no norte, na área de Nablus e Jenin.
Até agora, só este ano, o conflito já resultou em 63 palestinianos mortos na Cisjordânia, o início de ano mais mortífero na região desde 2000.
Por sua vez, com a morte de hoje, 14 pessoas morreram do lado israelita, a maioria destas vítimas de ataques em Jerusalém Oriental ocupada.
Os palestinianos reivindicam a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza -- áreas capturadas por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967 -- para um futuro Estado.
Cerca de 700.000 colonos israelitas vivem na Cisjordânia e no leste de Jerusalém. A grande maioria da comunidade internacional considera os colonatos de Israel como "ilegais", que criam "obstáculos à paz".
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