"Felicito Bola Ahmed Tinubu pela sua vitória. Uma vez eleito pelo povo, ele é a melhor pessoa para o cargo. Vou agora trabalhar com ele e com a sua equipa para assegurar uma entrega ordenada do poder", escreveu Buhari na sua conta na rede social Twitter.
"Após um grau de polarização que necessariamente acompanha qualquer eleição, é agora tempo de nos unirmos e agirmos responsavelmente", afirmou ainda, numa mensagem implícita à oposição, que denunciou a alegada fraude "generalizada" que marcou o sufrágio.
"Não minem a credibilidade da CENI [Comissão Eleitoral Nacional Independente). Avancemos agora unidos. O povo falou", reforçou o chefe de Estado cessante, que pediu aos candidatos que "sentissem a necessidade de contestar esta eleição (...) que fossem a tribunal e não para a rua", recordando a "promessa de paz" que todos "assinaram poucos dias antes das eleições".
Buhari, com 80 anos, entrega o poder ao fim de um período dois mandatos consecutivos, como determinado pela Constituição do país.
O chefe de Estado reconheceu falhas no processo eleitoral, nomeadamente na transmissão eletrónica dos resultados, que estava a ser testada pela primeira vez a nível nacional.
Muitos observadores nacionais e estrangeiros lamentaram estas "deficiências", assim como a falta de "transparência", que para Buhari, não constituem um "problema" suficientemente importante para afetar a "legalidade" das eleições.
Mais de 87 milhões de eleitores foram chamados às urnas no sábado e a votação foi geralmente calma.
Na terça-feira à noite, a CENI declarou Bola Tinubu "vencedor e eleito" na contenda presidencial, com mais de 8,8 milhões de votos, ganhando uma das eleições mais disputadas da história democrática da Nigéria, contra os seus dois principais concorrentes.
Bola Tinubu, com 70 anos, antigo governador de Lagos (1999-2007) foi a cara escolhida para representar o partido no poder. Apelidado de "padrinho" e "criador de reis", devido à imensa influência no seio do Governo, este ioruba (grupo étnico maioritário do sudoeste), de fé muçulmana, comprometeu-se ao longo da sua campanha a expandir à Nigéria os sucessos de desenvolvimento alcançados enquanto liderou os destinos da capital económica do país.
Homem de negócios rico, Bola Tinubu subiu nas fileiras políticas do APC sob acusações de corrupção, mas nunca foi condenado.
Tinubu recebe de Buhari a dura tarefa de dar a volta ao gigante africano de língua oficial inglesa, pressionado por uma economia anémica, violência recorrente por grupos extremistas e máfias, e o empobrecimento generalizado da população.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá subir este ano 3,2% para uns impressionantes 574 mil milhões de dólares (541,8 mil milhões de euros), não obstante, o défice orçamental se ter aproximado dos 5% em 2022 e prevê-se que mais de 40% do orçamento da Administração Buhari para 2023 seja financiado pela dívida.
Por outro lado, embora a economia nigeriana tenha recuperado após os anos difíceis da covid-19, crescendo 3,5% nos três primeiros trimestres de 2022, a recuperação económica foi acompanhada pelo acréscimo de dificuldades entre os nigerianos, porque os principais motores do crescimento do país - produção de petróleo e serviços - não beneficiam a maioria da população em termos de empregos e oportunidades de negócio.
A taxa de desemprego na Nigéria é de cerca de 33%, número que apenas reflete aqueles que procuram ativamente emprego, e entre os jovens é ainda mais dramática, está agora nos 43%, sendo que se encontrava abaixo dos 10% antes de Buhari chegar ao poder em 2015.
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