Há "sinais preocupantes" de radicalismo violento no leste da Guiné-Bissau
O presidente da Liga dos Direitos Humanos na região de Gabú, no leste da Guiné-Bissau, Samba Sow, alertou hoje para "sinais preocupantes" de radicalismo violento naquela zona próxima da fronteira do país com o Senegal e a Guiné-Conacri.
© Lusa
Mundo Samba Sow
Em declarações à Lusa, em Bissau, à margem de um seminário que juntou os defensores dos direitos humanos, Samba Sow, jornalista de profissão, falou de casos conhecidos como também de informações recolhidas num seminário organizado em finais de fevereiro em Gabu.
O seminário foi organizado no âmbito do Observatório da Paz, um projeto financiado pela União Europeia e que visa contribuir para a consolidação da paz e coesão entre os guineenses através do reforço da participação de organizações da sociedade civil em sinergia com as entidades estatais.
Ponto focal do projeto em Gabu, Samba Sow afirmou que foram debatidas naquela ocasião "informações concretas" que apontam para a preocupação sobre fenómenos de radicalismo em toda a zona leste da Guiné-Bissau.
"Na região de Gabu, melhor dizendo a nível da província leste, constatamos alguns sinais, algumas manifestações, que nos levam a ter uma preocupação tão grande, [ao ponto de organizarmos] esse seminário de 40 pessoas nos dias 25, 26 e 27 de fevereiro [juntando] a sociedade civil, instituições do Estado, poder tradicional, régulos, chefes das tabancas", disse Samba Sow.
Para fazer face às ameaças e trabalhar no alerta precoce, o ativista dos direitos humanos adiantou que foi decidida a criação de uma rede que envolvesse as organizações da sociedade civil, as entidades do Estado e os representantes do poder tradicional.
"Estamos a ver o que está a acontecer no Mali, Burkina Faso, Nigéria, etc. Na Guiné-Bissau ainda temos paz, sim, na verdade, há sinais que nos preocupam muito", defendeu Samba Sow.
O presidente da Liga dos Direitos Humanos na região de Gabu deu outros exemplos de preocupações sobre a forma como assuntos religiosos têm vindo a dividir os fiéis da mesma religião.
Samba Sow afirmou que as regras de práticas religiosas têm motivado discussões que às vezes podem desembocar em conflitos físicos e ainda comportamentos de pessoas que vão estudar no estrangeiro e que, ao regressarem a Gabu, colocam em causa costumes antigos.
"Isso preocupa-nos muito", observou Samba Sow, dando ainda o exemplo de situações do passado naquela zona em que uma pessoa de uma corrente islâmica que não é a praticada pela maioria da população de Gabu acabou por morrer na sequência de uma discussão entre religiosos.
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