As sondagens revelam que o Partido da Reforma (liberal e membro do grupo Renovar a Europa no Parlamento Europeu), dirigido pela primeira-ministra Kaja Kallas, poderá obter 28% dos votos expressos, um ponto menos face ao escrutínio de 2019.
Kallas, uma acérrima defensora do Governo ucraniano na sequência da invasão militar russa de 24 de fevereiro de 2022, é a primeira mulher a chefiar um Governo estónio.
O Partido social-democrata e o Isamaa (centro-direita), os restantes parceiros da coligação no poder, registam respetivamente 8% e 9%, após terem recuperado algum apoio no decurso da campanha eleitoral. No entanto, ainda permanecem dúvidas sobre a possibilidade de o atual Governo manter a sua maioria parlamentar.
O EKRE (direita nacionalista), que coopera no Parlamento Europeu (PE) com o grupo Identidade e Democracia da líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen, surgiu nas últimas sondagens com 19% das intenções de voto. A confirmar-se, este seria o seu melhor resultado de sempre, catapultando-o para a segunda posição do leque partidário.
Pelo contrário, o Partido de Centro (também do grupo Europa Renovada no PE), que tradicionalmente garante o voto da população russófona, está creditado com 17.5%, menos 5,5 pontos face ao anterior resultado eleitoral.
O partido liberal Estonia 200 (que também pretende juntar-se ao Europa Renovada caso eleja eurodeputados) situa-se nos 12% (4,45% em 2019) e procura pela primeira vez representação no parlamento nacional.
Outra recente sondagem para a televisão pública da Estónia indica que Kallas mantém as preferências para o cargo de primeiro-ministro, com 38% de apoio, seguido pelo antigo chefe de Governo Juri Ratas, do Partido do Centro, e do dirigente do EKRE, Martin Helme, com 12%.
O primeiro-ministro representa a Estónia no Conselho europeu, considerada a mais poderosa instituição da União Europeia.
Desde a invasão militar russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 que Kallas, 45 anos e no poder desde janeiro de 2021, se tem revelado uma das mais acérrimas defensoras de Kiev.
Em recente entrevista à agência noticiosa AFP, defendeu que "neste momento a nossa defesa começa na Ucrânia porque a Ucrânia combate a mesma ameaça".
A chefe de Governo do pequeno Estado do Báltico, uma ex-república soviética com 1,4 milhões de habitantes e desde 2004 membro da União Europeia (UE) e da NATO, tem argumentado que uma derrota militar da Ucrânia será um "convite" para Moscovo "fazer o mesmo noutros países".
Um argumento que tem sido recorrente, em particular entre as lideranças dos Estados fronteiriços da Rússia e onde se inclui a Estónia, mesmo que essa nova iniciativa russa implicasse uma intervenção da organização militar aliada.
Neste contexto, a Estónia destaca-se como um dos Estados que têm fornecido mais ajuda à Ucrânia, e recentemente Kallas declarou que aumentaria o seu apoio militar a esse país para um patamar superior a 1% do seu Produto interno bruto (PIB).
O país do Báltico, caso seja considerada a sua contribuição militar, humanitária e financeira, consagrou em 2022 10,7% do seu PIB na ajuda à Ucrânia, segundo os recentes dados do Instituto alemão Kiel.
O conflito na Ucrânia não deixou de ter reflexos internos, com o Instituto de Estatísticas do país báltico a anunciar em finais de fevereiro um aumento de 17,8% no índice de preços ao consumidor nesse mês, uma ligeira quebra face aos 18,6% de janeiro, mas com o conjunto da inflação a situar-se nos 19,4% no conjunto de 2022.
Na Estónia, à semelhança dos restantes países bálticos (Letónia e Lituânia), os preços dos alimentos, do aquecimento e da eletricidade, para além dos combustíveis, foram os responsáveis pela elevada inflação dos últimos meses, um fator que deverá pesar nos resultados eleitorais do próximo domingo.
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