A acusação aconteceu um dia após a sua detenção numa esquadra de polícia em Dacar.
Soumaré, que regressou hoje a casa, perguntou a Sall se tinha dado recentemente dinheiro a "uma figura política francesa" e se o montante era de 12 milhões de euros, especulando-se que se trata da líder da União Nacional, partido da extrema-direita francesa Marine Le Pen, relata o diário senegalês Le Soleil.
Durante o interrogatório a que foi sujeito na quinta-feira, o antigo primeiro-ministro e atual líder do partido Democracia e República salientou que em momento algum acusou Sall, pelo que não está em condições de apresentar quaisquer provas, mas apenas perguntou sobre os "rumores de salão e outros mexericos" que tinha ouvido.
Soumaré não confirmou a identidade da "figura política francesa", e salientou que sendo líder político tem o direito de questionar o Presidente.
Marine Le Pen foi recebida em janeiro por Macky Sall, durante a sua controversa visita a Dacar.
O porta-voz do Governo senegalês, Abdou Karim Fofana, por seu lado, rejeitou as "insinuações cobardes e infundadas" de Soumaré no início da semana, numa breve mas enérgica declaração, acusando-o de tentar "desacreditar" o Presidente e "prejudicar as relações entre o Senegal e uma potência estrangeira".
O Governo reserva-se portanto o direito de "tomar as medidas que considerar apropriadas relativamente a estas insinuações falaciosas, maliciosas e indignas de alguém que deteve um alto cargo estatal", segundo o comunicado relatado pelo diário Le Quotidien.
Soumaré, que foi ministro do Orçamento e depois primeiro-ministro de 2007 a 2009 durante a Presidência de Abdoulaye Wade (2000-2012), presidiu à Comissão da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA, na sigla em francês).
Na carta aberta, o ex-primeiro-ministro também questionou o chefe de Estado se pretende adiar as eleições presidenciais de 2024.
A carta aberta foi publicada na imprensa no fim de semana passado.
Macky Sall, eleito em 2012 e reeleito em 2019, continua sem se pronunciar sobre se pretende ou não anular as objeções constitucionais que o impedem de concorrer a um terceiro mandato em 2024.
Os opositores do Presidente Sall e os defensores dos direitos humanos denunciam um retrocesso das liberdades à medida que se aproxima a realização das eleições presidenciais previstas para fevereiro de 2024, com o aumento das detenções, proibição de manifestações, medidas coercivas contra a imprensa e o uso do poder judicial.
O Governo refuta qualquer regressão e invoca a estrita aplicação da lei num país frequentemente apresentado como um Estado de Direito.
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