Um tribunal na ilha da Córsega, que pertence a França, declarou na quinta-feira que o uso da língua corsa é inconstitucional, proibindo o idioma no parlamento regional em Bastia e estabelecendo o francês como a única opção para os legisladores locais.
A língua corsa, ou corso, é um idioma local usado por uma parte da população, cerca de 150 mil pessoas, sendo uma 'mistura' de várias línguas, nomeadamente italiano e até mesmo português.
A UNESCO, a agência cultural da Organização das Nações Unidas, alertou que a língua está em risco de extinção.
A justiça afirmou mesmo, na decisão citada pelo The Guardian, que, além da prática de usar língua corsa nos debates parlamentares ser inconstitucional, as regras locais que estabelecem "a existência de um povo corso" é uma violação à constituição francesa.
A decisão do tribunal de banir o idioma no parlamento veio enfurecer ainda mais aqueles que reclamam por uma maior autonomia, ou mesmo independência, da Córsega em relação à França. O governo francês, liderado por Emmanuel Macron, tem mantido negociações com o governo local da Córsega para descentralizar mais o poder, dando maiores responsabilidades na sua gestão.
Macron tem concordado com a ideia de dar mais autonomia e direitos à região da Córsega, mas tem também desvalorizado sugestões de que a ilha, conhecida pelo seu turismo, possa ser mesmo independente.
Como tal, a decisão é vista pelos políticos como uma afronta.
"Esta decisão acaba por retirar aos membros do parlamento o direito a falar a sua língua durante os debates. Aceitar este estado é impensável para nós", disseram, num comunicado conjunto, o presidente do conselho executivo da ilha, Gilles Simeoni, e a presidente da assembleia da Córsega, Marie-Antoinette Maupertuis, avisando que, sem proteção legal, a língua acabará por desaparecer.
Também o partido pró-independência Core in Fronte declarou a decisão como "vergonhosa". Já o líder de outro partido separatista considerou que o tribunal "insultou" o povo da Córsega.
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