"As conversações vão continuar, com o acordo das partes", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaeil Baqaei, adiantando que "durante a última semana de janeiro" haverá uma nova reunião "com o mesmo conteúdo e natureza" das anteriores.
"Apresentaremos as nossas exigências e preocupações relativamente à situação na região e noutros locais", explicou, citado pela agência noticiosa iraniana Tasnim.
"O Irão nunca esteve fechado para participar na mesa de negociações", sublinhou, adiantando que, "nas últimas duas décadas, houve sempre um compromisso [das autoridades iranianas] para participar no diálogo e para responder às preocupações".
Por isso, concluiu, "é preciso olhar para a outra parte para ver quem é o culpado".
O anúncio foi feito dias depois de a subsecretária-geral da ONU para os Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, ter instado o Conselho de Segurança das Nações Unidas a "retomar urgentemente" as negociações sobre o acordo nuclear com o Irão, no quadro do aumento das tensões no Médio Oriente.
Antes da reunião na organização internacional, os países E3 publicaram uma declaração conjunta na qual afirmaram que "as reservas [do Irão] de urânio altamente enriquecido atingiram níveis sem precedentes, sem justificação civil credível".
O Irão, a Rússia, os Estados Unidos, o Reino Unido, a China, a França e a Alemanha assinaram um pacto nuclear em 2015, cujo cumprimento permitiu o levantamento das sanções económicas e financeiras impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
O acordo determinava restrições ao programa iraniano em troca de ajuda e levantamento de sanções económicas, mas, em 2018, os Estados Unidos -- sob administração de Donald Trump -- decidiram retirar-se unilateralmente do acordo e restabelecer as sanções.
Apesar dos vários apelos para que Washington voltasse ao pacto, os Estados Unidos não mudaram de posição, o que acabou por levar Teerão a abandonar parte dos seus compromissos e aumentar as suas reservas de matérias enriquecidas, aproximando-se do patamar para a produção de uma arma atómica, segundo os parâmetros da Agência Internacional de Energia Atómica.
Há 10 dias, os países do E3 evocaram, em carta dirigida ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, a possibilidade de reimpor sanções ao Irão, para o impedir de desenvolver o seu programa nuclear.
"O E3 continua empenhado com uma solução diplomática para o dossier nuclear iraniano", referiram os Estados europeus, acrescentando estarem determinados a "utilizar todos os instrumentos diplomáticos para impedir o Irão de possuir a arma nuclear, incluindo a utilização do 'snapback'", o mecanismo que permite aos membros do acordo sobre o nuclear iraniano reimpor sanções ao Irão.
"Aproximamo-nos rapidamente de um momento crítico para a resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU. O Irão deve reduzir o seu programa nuclear para criar um ambiente político favorável a progressos significativos e a uma solução negociada", acrescentaram.
A resolução 2231, que baseia o acordo de 2015, expira em outubro de 2025, 10 anos depois da entrada em vigor do acordo.
Na terça-feira, o Conselho de Segurança deve discutir o programa nuclear iraniano que o país defende ser um direito seu desde que tenha fins civis, como produção de energia, negando querer dotar-se de uma arma atónica.
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