"O nosso poder ultrapassa as fronteiras do Irão e todos os nossos inimigos devem ajustar os seus cálculos de acordo com este enorme poder, porque o seu primeiro erro pode ser o seu último", advertiu Salami, em comentários feitos a bordo do navio de guerra "Shahid Rudaki" nas águas do Golfo Pérsico, ao largo da cidade portuária de Bandar Abbas, informou a agência noticiosa Tasnim.
Salami disse que nenhuma potência mundial poderá ultrapassar a Guarda Revolucionária em terra, mar ou ar, devido à ligação à "inspiração divina e aos princípios morais".
O comandante da Guarda Revolucionária rejeitou a ideia de que Teerão tenha saído enfraquecido pela queda do seu aliado, o deposto Presidente sírio, Bashar al-Assad, e pelos golpes infligidos por Israel ao Hezbollah libanês e ao Hamas palestiniano, que, juntamente com os Huthis, do Iémen, e as milícias iraquianas, constituem a aliança informal do "Eixo da Resistência" liderada pelo Irão.
"O Irão não perdeu as suas armas", afirmou, recordando que as duas operações denominadas 'Verdadeira Promessa' contra Israel foram lançadas diretamente por Teerão e não por grupos aliados.
"Poderíamos ter transferido armas para os países da frente da Resistência, mas fomos nós que realizámos a operação", afirmou.
As observações de Salami surgem um dia depois de o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, ter afirmado que o seu país não tem "forças por procuração" ('proxy forces') no Médio Oriente.
Salami reiterou que os grupos conhecidos como aliados da República Islâmica operam "de forma independente e nos seus próprios interesses dentro do seu território".
"Ninguém está dependente de ninguém. Enquanto nós fornecemos ao Eixo da Resistência o máximo apoio espiritual e político, eles obtêm e produzem as suas próprias armas, tal como nós", afirmou.
O comandante-chefe da Guarda Revolucionária rejeitou as alegações de que o Irão fornece armas e financia grupos como o Hezbollah, o Hamas e os Huthis do Iémen.
Também hoje, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano declarou o seu apoio à soberania da Síria após a queda do regime de al-Assad, afirmando, no entanto, não ter "contacto direto" com os novos líderes sírios.
"A nossa posição de princípio sobre a Síria é muito clara: preservar a soberania e a integridade" do país "e permitir que o povo sírio decida o seu futuro sem interferência estrangeira", afirmou o porta-voz do ministério, Esmaïl Baghaï, acrescentando que a Síria não pode tornar-se um "covil para o terrorismo".
A 08 deste mês, uma coligação de rebeldes liderada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e apoiada por Ancara entrou em Damasco e anunciou a queda do poder, depois de uma ofensiva relâmpago que lhe permitiu apoderar-se de grande parte do território.
O HTS, antigo braço sírio do grupo extremista Al-Qaida, garante ter-se afastado do 'jihadismo', mas continua classificado como "terrorista" por várias capitais ocidentais e também pela União Europeia (UE).
Abandonado pelos seus aliados iranianos e russos, al-Assad, que governou o país com mão de ferro durante 24 anos, fugiu para Moscovo, marcando o fim de mais de 50 anos de governo do clã Assad.
A Rússia e o Irão, com as suas milícias aliadas e, nomeadamente, o poderoso Hezbollah, foram os principais apoiantes do poder de al-Assad durante a guerra civil, que começou em 2011 e provocou cerca de 500 mil mortos e milhões de deslocados.
Durante a conferência de imprensa hoje realizada, Esmaïl Baghaï indicou que o Irão "não teve contacto direto" com os novos líderes sírios, um dia depois de uma reunião entre o líder do HTS, Ahmad al-Chareh, e o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, em Damasco.
Desde a deposição de al-Assad, diplomatas de diferentes países deslocaram-se a Damasco para se reunirem com as novas autoridades.
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