A trégua entrou em vigor a 27 de novembro, após dois meses de guerra aberta entre Israel e o movimento islamita pró-iraniano. Desde então, as duas partes têm-se acusado mutuamente de repetidas violações.
Nos termos do acordo de tréguas, o exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU devem instalar-se no sul do Líbano e o exército israelita deve retirar-se no prazo de 60 dias.
Num comunicado, a FINUL apela "a uma aceleração da retirada do exército israelita e ao destacamento das forças armadas libanesas no sul do Líbano".
No documento, a missão da ONU pede também a "todos os intervenientes que cessem qualquer violação da resolução 1701 [da ONU] e que se abstenham de qualquer ação suscetível de comprometer a frágil estabilidade que prevalece atualmente".
Por seu lado, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, apelou a Paris e a Washington para que "pressionem" Israel a "acelerar" a retirada do seu exército.
A França e os Estados Unidos fazem parte de um comité, juntamente com o Líbano, Israel e FINUL, que deve controlar a aplicação do cessar-fogo e as eventuais violações.
"Para que o exército [libanês] possa desempenhar plenamente as suas missões, o comité deve [...] pressionar o inimigo israelita para que ponha termo a todas as violações", declarou Mikati a partir da cidade de Khiam, durante um périplo pelo sul do país.
A 11 deste mês, o exército libanês indicou que se tinha posicionado nos arredores de Khiam, a cinco quilómetros da fronteira, em coordenação com a FINUL, após a retirada das tropas israelitas da zona.
"É necessário pressionar as partes envolvidas no acordo de cessar-fogo, nomeadamente os franceses e os norte-americanos, para que [os israelitas] acelerem o processo antes de expirar o prazo de 60 dias", disse Mikati.
"O atraso e a procrastinação [...] não vêm do exército libanês, mas do lado israelita, que está a arrastar os pés", acrescentou.
A agência noticiosa nacional libanesa ANI noticiou hoje que "o inimigo israelita continuou a sua invasão e os seus ataques em terra no sul do Líbano", onde "hasteou a bandeira de Israel" numa colina entre as cidades de Bayada e Naqoura.
A ANI relata regularmente a "dinamitação" de casas por Israel em aldeias fronteiriças.
Mikati afirmou ainda que pretende resolver "todas as diferenças relativas à Linha Azul [demarcação da ONU entre os dois países] para que não haja justificação para qualquer ocupação israelita do nosso território".
Mikati referiu que está a trabalhar com o Banco Mundial, União Europeia (UE), os países árabes e parceiros internacionais para criar um fundo fiduciário, para o qual todos possam contribuir, a fim de reconstruir tudo o que foi destruído no sul do Líbano".
Por seu lado, o exército israelita afirmou que continuou hoje as suas "atividades defensivas" no sul do Líbano, "em conformidade com o acordo", acrescentando que tinha "apreendido e desmantelado" várias armas e equipamento militar num armazém, designadamente cerca de 100 explosivos.
"As tropas revistaram e localizaram um esconderijo de armas que continha mais de 100 explosivos e cerca de 20 lança-foguetes de vários tipos", declarou o exército em comunicado. Em operações adicionais, os soldados disseram ter localizado e destruído morteiros e equipamento militar tático.
Além disso, as tropas israelitas afirmaram que continuam a sua incursão terrestre no sul do Líbano, onde entraram a 01 de outubro numa tentativa de desalojar a milícia xiita libanesa Hezbollah da fronteira libanesa.
Por outro lado, o porta-voz árabe do exército israelita, Adraee Avichay, publicou um mapa que mostra 62 aldeias no sul do país às quais os libaneses estão proibidos de regressar. "Qualquer pessoa que se desloque para sul desta linha expõe-se ao perigo", afirmou.
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