Os dois corpos, de um bebé e de um homem, foram encontrados na costa de Praialonga, poucos quilómetros a norte do local onde se registou o naufrágio, em Steccato di Cutro, quando a embarcação, com cerca de 200 migrantres afordo, afundou.
A criança foi encontrada a boiar próximo da praia, enquanto o corpo do homem estava já cadáver na areia.
Com as duas mortes, o número de vítimas mortais sobe para 78, 32 deles melhores -- 23 na faixa etária entre os 0 e os 12 anos.
Outros 25 migrantes continuam desaparecidos, numa altura em que o Mediterrâneo está a ser palco de uma onda de travessias de migrantes ilegais do norte de África para a Europa, sobretudo para Itália.
Sábado, a Guarda Costeira italiana anunciou ter socorrido mais de 1.300 migrantes que se encontravam em embarcações precárias ou à deriva no Mediterrâneo central, menos de duas semanas depois do mortífero naufrágio na costa sul do país.
A Justiça italiana abriu uma investigação sobre a tragédia, sobretudo para tentar explicar a chegada tardia do socorro.
O naufrágio chocou a Itália e gerou fortes críticas ao Governo de extrema-direita de Giorgia Meloni, eleito com base num programa político em que também apoia uma linha anti-imigração.
A Guarda Costeira e a Marinha de Itália enviaram na sexta-feira vários navios de resgate para ajudar três barcos que transportavam centenas de migrantes que foram avistados no Mediterrâneo central, uma das rotas migratórias mais perigosas do mundo.
Sábado, cerca das 03:00 locais (02:00 em Lisboa), 487 migrantes foram resgatados e desembarcaram sãos e salvos em Crotone, depois de retirados de embarcações precárias e que ameaçavam naufragar.
Vários vídeos da guarda costeira, divulgados na sexta-feira, mostraram alguns deles no convés de um grande barco de pesca a balançar num mar agitado.
Uma outra operação de resgate, na qual 500 migrantes foram resgatados a bordo de uma embarcação da Guarda Costeira, está a terminar, segundo a mesma fonte.
A agência de notícias italiana Ansa informou anteriormente que o navio, transportando 584 migrantes, atracou no porto de Reggio Calabria, uma cidade costeira no sul da península italiana.
Um terceiro barco com 379 pessoas foi resgatado por dois navios de patrulha da guarda costeira e os migrantes transferidos para uma embarcação da Marinha com destino ao porto siciliano de Augusta.
Na quinta-feira, no final de uma reunião do Conselho de Ministros, realizada no sul de Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni reafirmou a determinação do Governo em lutar contra a imigração ilegal e contra os contrabandistas.
Desde que assumiu funções, em outubro de 2022, o executivo maioritário da extrema-direita tem multiplicado os obstáculos às operações de navios humanitários no Mediterrâneo e envolveu-se num impasse com os parceiros europeus para obter apoio e maior solidariedade no acolhimento dos migrantes.
Na reunião, o Conselho de Ministros aprovou um novo decreto que aumenta as penas para os traficantes de seres humanos e cria um novo crime punível com uma pena máxima de 30 anos (era de cinco anos) para os criminosos responsáveis por operações que tenham provocado a morte ou lesões nos migrantes.
Segundo o Ministério do Interior italiano, desde 01 de janeiro deste ano, desembarcaram em Itália 17.592 migrantes, número quase três vezes mais do que os 5.995 que desembarcaram no mesmo período de 2022.
O número de chegadas de migrantes pela rota do Mediterrâneo central aumentou 116% em janeiro e fevereiro em comparação com 2022, segundo a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex).
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