O MP adiantou também que foram ainda detidos dois juízes e um advogado alegadamente envolvidos em corrupção no sistema judicial venezuelano, e emitidos mandados de detenção contra 11 pessoas relacionadas com delitos em operações com cripto-ativos.
O anúncio foi feito pelo Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, numa conferência de imprensa em Caracas em que ratificou o compromisso permanente do Ministério Público no combate à corrupção.
"Não estamos a falar de qualquer esquema de corrupção, estamos a falar de um dos mais espalhafatosos dos últimos anos, que infelizmente vincula funcionários do Estado venezuelano e empresários (...) que beneficiam com a corrupção, e até jovens", disse o procurador.
As detenções, disse, são o resultado da primeira fase de uma investigação que envolve também um número bastante importante de altos e médios funcionários dos poderes Executivo, Legislativo e Judicial.
Tarek William Saab afirmou que se trata do 31.º esquema de corrupção investigado pelo Ministério Público, desde 2017, e relacionado com a indústria petrolífera venezuelana, que envolveu 194 pessoas das quais 75 foram julgadas e condenadas.
O responsável deu conta de que, a nível geral, 16.090 pessoas foram investigadas por corrupção, 6.067 acusadas e 3.976 julgadas e condenadas.
Os detidos relacionados com corrupção na petrolífera venezuelana são acusados de delitos como apropriação ou desvio de bens públicos, uso de relações ou influência, de branqueamento de capitais e associação criminosa.
O procurador precisou que foram detidos os funcionários públicos António José Pérez Suárez (vice-presidente de Comércio e abastecimento da PDVSA), Joselit de La Trinidad Ramírez Camacho, (superintendente Nacional de Cripto-ativos e operador cripto-financeiro) e Hugbel Rafael Roa Carucci, (deputado).
Foram também detidos cinco funcionários da vice-presidência de Comércio e Abastecimento da PDVSA (José Agustín Ramos, Yamil Alejandro Martínez, Odoardo José Bordones, Heinrich Chapellín Biundo e Jesús Enrique Salazar) e Rajiv Alberto Mosqueda e Renny Gerardo Barrientos, da Intendência de Minaria Digital e Processos Associados.
"Foi detetada uma rede de funcionários que, aproveitando-se das suas posições e níveis de autoridade, procederam a realizar operações petrolíferas paralelas às da PDVSA (...) acreditando que não seriam descobertos, através da Superintendência de Cripto-ativos (Sunacrip) e do carregamento de petróleo em barcos, sem controlo administrativo ou garantias, em violação dos regulamentos de contratação necessários para o efeito", explicou.
A rede, disse, recrutava jovens de ambos sexos para os incluir na rede de branqueamento de capitais, a quem recompensava com uma vida de luxos, ilegal e criminosa.
"Determinou-se que esta rede utilizava um conglomerado de empresas comerciais para legitimar o capital obtido com estas vendas através da aquisição de cripto-ativos, bens móveis e imóveis, e investimentos no setor da construção imobiliária", disse.
O procurador divulgou também o nome dos empresários detidos, das 11 pessoas que são procuradas pela justiça e explicou que o Ministério Público abriu 22 expedientes contra a oposição venezuelana relacionada com o "Governo interino" de Juan Guaidó, pelos delitos de usurpação de funções, legitimação de capital, terrorismo, tráfico de armas, associação para cometer delito e traição à pátria.
E adiantou que, contra a oposição, estão em curso cinco outras investigações por irregularidades na empresa Monómeros, filial da PDVSA na Colômbia.
A oposição é ainda acusada de nomear embaixadores, e adidos de negócios fictícios, diretores para o Banco Central da Venezuela e roubo de ativos do país.
O MP investiga ainda o desvio, pela oposição, de fundos de ajuda humanitária e atos de conspiração armada.
Na semana passada, a Polícia Anticorrupção da Venezuela anunciou estar em curso uma investigação que envolvia funcionários públicos da indústria petrolífera, do sistema judicial e de alguns municípios.
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