"A situação de segurança deteriorou-se ainda mais nas três províncias orientais da República Democrática do Congo (Ituri, Kivu do Norte e Kivu do Sul) com um forte aumento da violência perpetrada principalmente pelas Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), a Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco) e o M23", disse Guterres no seu relatório trimestral sobre o país.
Ituri tem o maior número de vítimas mortais devido a "um aumento das mortes cometidas principalmente pelas ADF, o grupo Zaire e o Codeco".
Assim, entre 01 de dezembro e 14 de março, foram mortos 485 civis, incluindo pelo menos 82 mulheres e 51 crianças, em comparação com 114 civis mortos nos três meses anteriores.
Nas diferentes regiões de Kivu do Norte, os ataques perpetrados principalmente pelas ADF e os grupos Mai-Mai e M23 provocaram mais de 200 mortos.
No extremo norte da província em particular, as ADF são responsabilizadas pela morte de 187 civis, incluindo 69 mulheres e 20 crianças, em ataques entre 1 de dezembro e 15 de março.
No chamado Petit Nord, os combates continuaram entre o exército da RDCongo e o M23, que "alargou as suas áreas de controlo e ocupação" e matou 43 civis.
Na província do Kivu do Sul, "grupos armados estrangeiros e locais continuaram a cometer atos de violência contra civis", matando 26 pessoas entre 01 de dezembro e 31 de janeiro.
O secretário-geral da ONU também está preocupado com as violações dos direitos humanos no país, principalmente por grupos armados.
Assim, "pelo menos" 628 pessoas foram sujeitas a execuções extrajudiciais ou sumárias (465 homens, 111 mulheres e 52 crianças), um "aumento significativo" principalmente ligado à multiplicação de ataques mortais pela Codeco, ADF e M23 no Kivu do Norte e Ituri.
Guterres manifesta-se ainda preocupado no relatório com o aumento do "discurso do ódio" exacerbado pela violência e tensões relacionadas com o M23 entre Kinshasa e Kigali.
"Também estou alarmado com o aumento das tensões entre a República Democrática do Congo e o Ruanda", disse, apelando a ambas as partes para "resolverem as suas diferenças através do diálogo.
Por outro lado, o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, na conferência de imprensa diária, referiu-se aos dados atualizados de uma epidemia de cólera no Kivu do Norte, com 1.800 casos suspeitos ou confirmados entre 13 e 19 de março, contra 1.000 na semana anterior, e o total de 6.200 desde o início do ano.
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