O governo palestiniano já criticou esta intenção de criação de uma Guarda Nacional em Isarel, e ficaria sob controlo de Ben Gvir, avisando para "um fascismo que não presta contas", materializado em "milícias".
Um porta-voz do Ministério israelita disse que a nova força militar que Ben Gvir e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, acordaram criar na segunda-feira vai ser aprovada no domingo, avançou hoje o diário 'The Jerusalem Post'.
O foco proclamado da atuação desta nova força é a luta contra as organizações criminosas, em particular nas sociedades mistas, com árabes e israelitas. Ben Gvir e Shabtai decidiram avançar com um acordo-quadro para criar a organização o mais depressa possível.
A criação de uma Guarda Nacional, que Ben Gvir defende desde há meses, é justificada com a intenção de reforçar a polícia fronteiriça com a criação de um corpo independente da autoridade policial, que fica sob a autoridade do Ministério da Segurança Nacional, quer dizer, sob o seu poder direto.
O ex chefe da polícia israelita Moshe Karadi já alertou que esta Guarda Nacional vai ser uma "milícia privada" de Ben Gvir para satisfazer as suas "necesidades políticas", a qual prevê inclusive recrutar extremistas da Juventude das Colónias -- colonos que defendem os colonatos na Cisjordânia -- para os seus efetivos.
Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) palestiniano indicou, em comunicado, que "o acordo para criar milícias de terrorismo racista só vai servir para atacar, matar e torturar em massa o indefeso povo palestiniano".
Depois de afirmar que "são necessárias condenações e ações concretas contra a milícia de terrorismo racista de Ben Gvir", solicitou ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, "que cumpra as suas obrigações e proporcione imediatamente uma proteção internacional ao povo palestiniano".
Sublinhou ainda que o "poder sem restrições" e a "criminalidade incessante" da parte de "funcionários israelitas" está sustentada por "um sistema antidemocrático e social de supremacismo judaico, opressão, racismo e 'apartheid'".
No texto do MNE palestiniano assinalou-se ainda que "o fascismo está capacitado pelos laços das milícias com o poder", apontando-se também que "ameaça a paz e a segurança regional e internacional".
O governo de Israel foi responsabilizado pelo Ministério quanto "às repercussões de esta decisão deliberada, que apenas confirma o absoluto desprezo israelita pelos direitos e pelas vidas dos palestinianos".
O acordo entre Netanyahu e Ben Gvir -- parte de um pacto para suspender a controversa reforma judicial - é mesmo considerado pelos palestinianos como "uma violação flagrante dos parâmetros internacionais para uma solução justa" do conflito israelo-palestiniano.
O MNE antecipou desde já que os palestinianos "não vão ficar de braços cruzados, enquanto um terrorista orgulhoso e um anarquista formam e dirigem outra milícia judaica com o objetivo declarado de uma limpeza étnica do povo" palestiniano.
No comunicado, recordou-se ainda que, "desde o início de 2023, Israel já matou mais de 90 palestinianos, incluindo 17 crianças".
Ben Gvir já afirmou que este corpo -- que teria como função entre outras a realização de operações delicadas na Cisjordânia, como detenções -- estaria sob comando da polícia. Desde que assinou o acordo de coligarão governamental, que a criação deste corpo tem sido prioridade de Ben Gvir.
Acusado no passado de incitação contra os palestinianos, o chefe do Otzma Yehudit esteve no centro da polémica dias depois de assumir o cargo de ministro, por visitar a Esplanada das Mesquitas, designado pelos judeus como Monte do Templo. A Autoridade Palestiniana acusou-o, a propósito, de querer alterar o 'statu quo' do local, no meio de várias críticas internacionais às suas ações.
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