Netanyahu rejeita proposta de Joe Biden sobre a reforma judicial

O primeiro-ministro israelita rejeitou hoje a sugestão do Presidente dos Estados Unidos que lhe pediu para pôr de lado a reforma judicial, afirmando que Israel toma decisões próprias.

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Lusa
29/03/2023 09:36 ‧ 29/03/2023 por Lusa

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Israel

Trata-se de uma divergência pouco habitual entre os Estados Unidos e Israel, dois países aliados, marcando, de acordo com a Associated Press, uma fricção mesmo depois de Netanyahu ter suspendido a proposta sobre a reforma na Justiça, após fortes protestos ao longo dos últimos dias.  

Questionado pelos jornalistas na terça-feira, Joe Biden afirmou que o primeiro-ministro de Israel deve abandonar a proposta.

"Eu espero que ele se afaste [da proposta]", disse o chefe de Estado norte-americano.

Na mesma declaração, Biden contornou ainda a sugestão do embaixador dos Estados Unidos em Israel que abordou a possibilidade de uma visita oficial de Benjamin Netanyahu à Casa Branca.

"Não. A curto prazo não", disse o presidente dos Estados Unidos referindo-se diretamente à sugestão do embaixador norte-americano em Israel, Thomas Nides.

Hoje, Netanyahu respondeu que Israel é um Estado soberano e que "adota as decisões de acordo com as vontades do próprio povo e não através de pressões estrangeiras, mesmo que seja do melhor dos amigos". 

A resposta do primeiro-ministro de Israel ao Presidente dos Estados Unidos ocorre na mesma semana em que Netanyahu anunciou a suspensão da proposta legislativa "para evitar a guerra civil".

Desde a semana passada que os protestos contra o Governo de Israel se intensificaram significativamente nas ruas de vários pontos do país. 

"Esperemos que o primeiro-ministro (Netanyahu) atue de forma a poder tentar chegar a um compromisso. Mas ainda temos de esperar para ver", disse Biden aos jornalistas durante uma visita à Carolina do Norte, Estados Unidos. 

Netanyahu e os aliados ultranacionalistas anunciaram em janeiro a nova proposta de alteração do sistema judicial, pouco depois da tomada de posse do novo governo.

A proposta provocou a maior crise política em Israel das últimas décadas tendo vários setores da sociedade israelita acusado o primeiro-ministro de estar a impor uma ditadura. 

Na prática, entre outros aspetos, o plano permitia a Netanyahu, envolvido em vários processos de corrupção, além de outros políticos no poder, a nomeação direta dos juízes e o controlo do Parlamento, com maioria de direita, sobre o Supremo Tribunal.  

A oposição afirma que a legislação iria concentrar o poder na coligação governamental contrariando os princípios de separação dos poderes político e judicial. 

Nas negociações que começaram hoje, Netanyahu afirmou que "pretende alcançar consenso com os membros da oposição". 

Entretanto, o líder da oposição Yair Lapid, disse hoje que Israel era o maior aliado dos Estados Unidos acusando que o "governo mais radical da história de Israel destruiu a aliança em apenas três meses".

A posição de Lapid foi difundida através de uma mensagem na rede social Twitter.

Leia Também: Israel. Joe Biden espera que Governo desista de reforma da justiça

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