"A crise no Kivu do Norte tem um impacto absolutamente generalizado na sua escala e gravidade, mas a resposta humanitária é demasiado lenta em demasiados lugares", disse a diretora dos MSF nos Estados Unidos, Avril Benoit, que está atualmente a trabalhar em Goma, capital desta província, acrescentando que "há uma evidente falta de ajuda para estas pessoas com necessidades básicas de casas, medicamentos, alimentos e água potável".
Cerca de um milhão de pessoas fugiram das suas casas no Kinu do Norte por causa dos confrontos entre o Exército e o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) durante o último ano, colocando os cidadãos em risco de contraírem cólera e ficarem sujeitos a má nutrição e violência sexual devido à ausência de uma resposta adequada à crise.
Os deslocados pela violência têm estado a viver durante os últimos meses em tendas ou assentamentos informais em localidades que ainda conseguem acolher refugiados, e outras pessoas estão alojadas em igrejas ou escolas na região.
Esta situação de acampamentos informais desde maio de 2022, onde nalguns casos existe uma sanita para 500 pessoas e apenas um litro de água potável por pessoa, bem abaixo dos 15 litros diários que é o valor padrão, origina ainda mais situações de debilidade e propicia a propagação de doenças, alerta ainda a ONG.
"As nossas equipas estão a trabalhar contra-relógio para lutar contra a cólera e fazer frente ao crescente número de casos de sarampo, mas estão completamente assoberbados perante o desastre humanitário e sanitário que se desenvolve perante os nossos olhos", disse a representante dos MSF no RDCongo, Raphael Piret.
"Parece que as pessoas aqui foram abandonadas", lamentou a coordenadora de projetos da ONG no Rutshuru, Monique Doux, concluindo que "desde há meses que os MSF foram a única organização humanitária que trabalha no território de Rutshuru, mas as necessidades dos habitantes superam em muito a capacidade de resposta" da organização.
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