Só união do povo pode "libertar" espaço cívico moçambicano

A ativista social Graça Machel defendeu hoje que a sociedade moçambicana deve livrar-se da "cultura do medo", considerando que só a união do povo pode "libertar" o espaço cívico, quando se multiplicam queixas de limitações às liberdades.

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Lusa
11/04/2023 18:19 ‧ 11/04/2023 por Lusa

Mundo

Moçambique

"O atual Presidente moçambicano [Filipe Nyusi] disse durante a sua tomada de posse no seu primeiro mandato que o seu patrão era o povo. Então nós temos de lembrar a estes que estão agora a oprimir o povo que nós somos o patrão. Isso deve ser feito de uma maneira ordeira, organizada e respeitosa para com as instituições, mas nós temos de desmantelar o medo neste país", declarou Graça Machel.

A ativista falava, em Maputo, durante um debate sobre a construção do Estado de Direito Democrático em Moçambique, reagindo a uma pergunta colocada pela plateia sobre os episódios de 18 de março, quando a polícia moçambicana reprimiu marchas pacíficas em homenagem ao 'rapper' de intervenção social Azagaia, que morreu em 09 de março.

Para a antiga mulher do primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, que morreu em 1986, num acidente aéreo, a responsabilidade de travar limitações ao exercício da cidadania está no povo, que se deve juntar em movimentos para, dentro da lei, exigir que a repressão não se torne frequente em Moçambique.

"Nós temos de desmantelar o medo no país. Aqueles que oprimem o cidadão é que devem ter medo de nós", declarou a ativista, lembrando, no entanto, que "não são todos os polícias que oprimem o povo".

Os episódios de 18 março mereceram a condenação de várias entidades que alertaram para a violência policial injustificada face a grupos pacíficos e desarmados, classificando-os como um dos sinais mais visíveis das limitações à liberdade de expressão e de manifestação em Moçambique.

A repressão policial, que ocorreu sobretudo em Maputo, Beira e Nampula, deixou vários feridos, tendo posteriormente os organizadores das marchas submetido recursos às autoridades nacionais e estrangeiras para responsabilização face ao que classificam como força desproporcionada exercida por aquela corporação.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou averiguações à ação policial nas marchas, considerando, no entanto, que as autoridades tinham informações de que existiam "infiltrados" que queriam atingir "outros intentos" com a homenagem ao 'rapper' Azagaia e lamentando os distúrbios ocorridos.

Leia Também: Moçambique. Adiamento de eleições deve basear-se em "consenso" nacional

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