Tráfico humano. "Fiquei na cave durante 9 meses e 28 dias"
Uma brasileira partilhou o seu testemunho e contou como, em 2013, foi enganada e acabou por ser uma vítima de tráfico humano. "Não tinha a noção de que estava a ser vítima de tráfico", confessou à imprensa.
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Mundo Brasil
Uma mulher brasileira contou o que viveu durante meses, depois se ter sido ludibriada a sair do país em busca do 'sonho americano' e de se ter tornado uma vítima de tráfico humano.
"Fiquei na cave durante 9 meses e 28 dias", explicou Luana Maciel, que trabalhava no atendimento ao público no consulado dos Estados Unidos em Brasília. Lá, conheceu um homem, com quem chegou a confraternizar fora do trabalho. Terá sido após estes contatos que o homem lhe apresentou uma oportunidade de emprego nos EUA, e dada a relação de confiança que já tinha construído, não houve suspeitas.
Segundo a imprensa brasileira, a mulher, agora com 39 anos, mudou-se com as filhas para os EUA, e uma amiga - e o seu filho - terão também ido com ela. Luana explica ter havido contatos com os supostos empregadores, durante os quais conheceram o prédio onde iam morar, assim como a escola que as crianças iam frequentar. Quando chegaram ao local, tiveram de ficar mais de um mês sem trabalhar, tendo os responsáveis alegado que havia "obras no escritório".
O que aconteceu depois deixou todos surpreendidos, já que alegado empregador se mudou para a casa onde os cinco brasileiros estavam. Luana acabou por pedir ajuda a um outro homem que tinha conhecido enquanto trabalhava no consulado, no Brasil, mas a situação acabou por não melhorar, já que essa pessoa levou o grupo para casa do pai, onde foram obrigadas a fazer limpezas. Apesar de as crianças frequentarem a escola, eram ameaçadas de morte.
O grupo dormia numa cave, e cada vez mais ficava apenas nesse local, tendo a situação piorado quando a amiga de Luana foi violada pelo dono da casa. "Foi um filme de terror", conta a mulher, que durante este cativeiro perdeu parte da visão do olho esquerdo.
O homem em questão garantia ainda às mulheres que elas estavam em constante vigilância - não só dele, mas também dos vizinhos - e que acompanhava todas as chamadas que estas faziam à família. "Muitas destas chamadas foram feitas sob ameaça, com ele com uma faca ou uma pistola", conta Luana.
"Sem conhecer o país, as leis e o sistema, não havia apenas a ameaça de morte, mas também a questão da imigração. Ele dizia que íamos ser detidas e nós acreditávamos. Eu não tinha a noção de que estava a ser vítima de tráfico. Para mim, tráfico era o que acontecia com escravos, eram pessoas em correntes", confessou, durante o seu testemunho.
O caso aconteceu em 2013. Entretanto, a mulher já regressou ao Brasil. Já o agressor e o resto do grupo continuam em liberdade.
A mulher queixou-se às publicações brasileiras da demora no tratamento deste caso, durante o qual se sentiu discriminada por ser imigrante. Hoje em dia, Luana estuda Direito e atua na área de intervenção que diz respeito ao tráfico humano.
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