UE, ONU e França condenam veementemente alegada decapitação de ucraniano
A União Europeia (UE), a ONU e a França reagiram hoje à difusão de um vídeo onde um soldado prisioneiro ucraniano é alegadamente decapitado por um soldado russo e exigiram um inquérito rigoroso e o julgamento dos eventuais responsáveis.
© REUTERS/Kai Pfaffenbach
Mundo Guerra na Ucrânia
A UE vai exigir "responsabilidades a todos os autores e cúmplices de crimes de guerra" na Ucrânia, indicou uma porta-voz do chefe da diplomacia europeia, antes de precisar que "não possui informações sobre a veracidade do vídeo".
"Mas, se for confirmado, trata-se de uma nova recordação brutal da natureza inumana da agressão russa", afirmou Nabila Massrali, porta-voz do chefe da diplomacia europeia Josep Borrell, durante a conferência de imprensa diária em Bruxelas.
"A Rússia deve respeitar as obrigações que lhe incumbem em virtude do direito humanitário internacional e zelar para que todos os prisioneiros de guerra sejam tratados humanamente em todas as circunstâncias, em conformidade com as convenções de Genebra e que as suas vidas não sejam colocadas em perigo", prosseguiu.
Ao início da tarde, em mensagem difundida na sua conta Twitter, o presidente do Conselho europeu, Charles Michel, disse estar "mortificado pelo vídeo atroz que exibe a morte de um prisioneiro de guerra ucraniano por um soldado russo".
"A responsabilidade e a justiça devem impor-se ao terror e impunidade. A UE fará tudo em seu poder para o garantir", acrescentou.
A missão da ONU para os direitos humanos na Ucrânia indicou estar "horrorizada" pelo vídeo da aparente decapitação, e também se referiu a um segundo vídeo que mostra "corpos mutilados, aparentemente de prisioneiros de guerra ucranianos", e apelou em consequência que "estes incidentes sejam objeto de um inquérito real e que os autores prestem contas".
Em Paris, e através de um comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros indicou que a França "tomou conhecimento com horror" do vídeo sobre a alegada execução e condenou um "ato bárbaro" e um "atentado insustentável à dignidade humana".
"Os responsáveis de todos os crimes cometidos na Ucrânia devem prestar contas", acrescentou uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A agência noticiosa AFP referiu não poder verificar no imediato a autenticidade do vídeo, nem o momento em que foi filmado. As autoridades ucranianas dizem estar a tentar identificar a vítima.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, denunciou um "novo crime dos monstros russos".
Do lado, russo, o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov, também qualificou as imagens de "horríveis", mas questionou a sua origem.
"No mundo de 'fake' em que vivemos, é necessário assegurar a autenticidade deste vídeo", acrescentou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.490 civis mortos e 14.244 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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