Um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Brasil detalhou que Sergei Lavrov estará em Brasília na segunda-feira, onde será recebido no Palácio Itamaraty pelo seu homólogo, Mauro Vieira.
"Defendemos o reforço da cooperação russo-latino-americana com base no apoio mútuo, na solidariedade e tendo em conta os interesses um do outro", escreveu Lavrov em dois artigos publicados pelo jornal brasileiro Folha de São Paulo e pela revista mexicana Buzos de la Noticia.
Nos seus artigos, reproduzidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo no seu website, Lavrov sublinhou em particular a relação estratégica com Brasília, Caracas, Havana e Manágua.
"A paisagem geopolítica em rápida mutação abre novas possibilidades para o desenvolvimento de uma cooperação mutuamente benéfica entre a Rússia e os países da América Latina. Estes últimos estão a desempenhar um papel cada vez mais proeminente no mundo multipolar", sublinhou.
Lavrov assegura que Moscovo não quer que a América Latina e as Caraíbas se tornem um espaço de antagonismo entre as potências, uma vez que baseia a sua política externa não na ideologia, como foi no caso da União Soviética, mas no pragmatismo.
Como exemplo, salientou que, apesar das sanções e da pressão política, as exportações russas para a região aumentaram 3,8%, enquanto o abastecimento de trigo aumentou 48,8%.
O chefe da diplomacia observou que 27 países latino-americanos assinaram agora regimes de isenção de vistos com a Rússia, e que o número de estudantes latino-americanos a estudar em instituições de ensino superior russas aumentou.
Na semana passada, Lula da Silva, que se encontra na China, afirmou que vai propor ao homólogo chinês, Xi Jinping, a promoção do diálogo entre a Rússia e a Ucrânia e afirmou que o país invadido poderá ter de ceder a Crimeia.
O presidente da Rússia, Vladimir "Putin, não pode ficar com o terreno da Ucrânia. Talvez se discuta a Crimeia. Mas o que ele invadiu de novo, tem que se repensar", disse Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, durante um encontro com jornalistas.
Em resposta, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano afirmou que a Ucrânia "não faz comércio com os seus territórios".
"A Ucrânia aprecia os esforços do presidente do Brasil para encontrar uma solução para acabar com a agressão russa", declarou Oleg Nikolenko, na sua conta na rede social Facebook.
No início deste mês, durante a visita do conselheiro especial para os Assuntos Internacionais da Presidência Brasileira, Celso Amorim, a Moscovo, o presidente russo convidou o seu homólogo brasileiro a visitar a Rússia.
Por outro lado, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ofereceu a Putin "apoio total" desde o início da campanha militar russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
A Rússia e a Venezuela celebraram o 78.º aniversário das relações diplomáticas em 14 de março, laços que foram reforçados com o advento da chamada revolução bolivariana em 1999.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, mostrou o seu apoio a Putin visitando a Rússia em dezembro de 2022 e condenou o mandado de captura emitido contra o presidente russo pelo Tribunal Penal Internacional.
Tanto o secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, como o chefe da maior companhia petrolífera russa, Igor Sechin, viajaram recentemente para a ilha.
No final de março, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Nicarágua, Denis Moncada, encontrou-se com Lavrov em Moscovo e defendeu o direito de Moscovo de garantir a sua "integridade e segurança".
Lavrov também concedeu a Ordem da Amizade a Laureano Ortega Murillo, filho do presidente nicaraguense, Daniel Ortega.
Na nova política externa da Rússia, marcada pelo crescente antagonismo político, militar e económico com o Ocidente sobre a Ucrânia, a América Latina é uma das regiões prioritárias.
Neste sentido, a viagem de Lavrov faz parte das recentes viagens efetuadas pelo chefe da diplomacia a cerca de vinte países na Ásia, Médio Oriente e África, desde o Magrebe até ao Sahel e ao sul do continente.
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