Pausa em combates permite retirar 450 alunos presos numa escola em Cartum
Cerca de 450 alunos foram hoje retirados da escola Kamboni, no centro de Cartum, onde permaneceram presos mais de 24 horas após o início dos combates entre o Exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF).
© Getty Images
Mundo Sudão
A direção da escola de Kamboni disse, citada pela agência Efe, que "todos os alunos da escola", cerca de 450 meninos e meninas de diferentes idades, abandonaram a escola e foram encaminhadas para suas famílias.
A evacuação da unidade de ensino só foi possível após as Forças Armadas e as RSF (na sigla em inglês) concordaram em interromper os combates e abrir corredores humanitários por três horas, um compromisso alcançado por proposta das Nações Unidas.
A cessação temporária das hostilidades entrou em vigor às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e terminou às 19:00 locais de hoje.
Segundo a escola, "as autoridades atenderam ao pedido de socorro e providenciaram um caminho seguro para garantir a segurança dos alunos, que ficaram presos por mais de 24 horas dentro da escola".
Durante as horas de pausa, segundo a Efe, alguns confrontos continuaram na área do Comando de Operações de Cartum, distante dos centros urbanos, mas as áreas residenciais viveram uma calma tensa que permitiu que os moradores deixassem os locais onde estavam presos para buscar comida e água.
Os paramilitares das RSF envolveram-se em combates com o exército sudanês no sábado de manhã, em Cartum, mas a violência alastrou-se a outras zonas do país.
Em dois dias de combates no Sudão, pelo menos 56 civis foram mortos e quase 600 - também entre as partes em conflito - ficaram feridos, informou uma rede de médicos do Sudão. Entre as vítimas mortais, estão três funcionários do Programa Alimentar Mundial, que suspendeu as suas atividades no país.
Estes números não incluem, no entanto, vítimas na conturbada região ocidental de Darfur, onde há intensos combates em Al Fasher e Nyala, bem como em Al Obeid, no estado de Kordofan do Norte, devido a dificuldades de circulação naquelas áreas.
Os confrontos fazem parte de uma luta pelo poder entre o general Abdel Fattah al-Burhan, comandante das Forças Armadas, e o general Mohammed Hamdan Dagalo, líder das RSF.
Os dois generais são antigos aliados que orquestraram o golpe militar de outubro de 2021, o qual interrompeu a transição de curta duração do Sudão para a democracia.
Nos últimos meses, negociações apoiadas internacionalmente reavivaram as esperanças de uma transição ordeira para a democracia.
Contudo, as tensões crescentes entre Al-Burhan e Dagalo acabaram por atrasar um acordo com os partidos políticos.
Na capital e Omdurman, foram noticiados hoje combates junto do quartel-general militar, do Aeroporto Internacional de Cartum e da sede da televisão estatal.
Tanto os militares como as RSF afirmaram controlar locais estratégicos em Cartum e noutras áreas, mas estas reivindicações não puderam ainda ser verificadas de forma independente.
O Sudão, com mais de 49 milhões de habitantes, situa-se junto ao Mar Vermelho, que separa o país da Arábia Saudita.
Tem fronteiras terrestres com Egito, Eritreia, Líbia, Chade, República Centro-Africana e Sudão do Sul.
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