"Cinco anos após os protestos de abril de 2018, exigimos verdade, justiça e liberdade", afirmou o grupo, formado sobretudo por ativistas nicaraguenses exilados na Costa Rica.
Em abril de 2018, "o povo nicaraguense, a sua juventude e a maioria dos setores do país realizaram um protesto popular legítimo e cívico nunca visto na Nicarágua", referiu.
"Diante dessas manifestações massivas", continuou o organismo, o regime de Ortega Murillo respondeu com "prisão, exílio ou cemitério, cometendo crimes contra a Humanidade que ainda permanecem impunes".
Pelo menos 355 pessoas morreram e "milhares foram detidas, a maioria submetidas a todo tipo de tortura física e mental", notou.
De acordo com o documento publicado na terça-feira pela Amnistia Internacional (AI) "Um grito de Justiça: cinco anos de opressão e resistência na Nicarágua" desde que a população nicaraguense saiu às ruas para protestar pacificamente contra as reformas da segurança social em abril de 2018, aumentou a repressão governamental.
O relatório aponta várias táticas que o Governo de Daniel Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo utilizam para conseguir o encerramento gradual do espaço cívico, silenciar defensores de direitos humanos, ativistas, religiosos, jornalistas e qualquer voz dissidente ou crítica ao Governo, agindo sem qualquer tipo de controlo ou responsabilização.
Incluem detenções arbitrárias, tortura, desaparecimento forçado, execuções extrajudiciais, exílio forçado e a retirada da nacionalidade nicaraguense.
O relatório refere que mais de 300 pessoas foram privadas da nacionalidade nicaraguense, muitas das quais se tornaram apátridas, situação que as colocou numa posição de grande fragilidade e com sérios obstáculos ao exercício de outros direitos, como saúde, educação e emprego.
Uma grande parte destas pessoas, que estavam detidas, foram enviadas pelo Governo da Nicarágua - a partir de uma base militar - para os Estados Unidos.
De acordo com a informação recolhida pela organização, o uso excessivo da força tem sido exercido pela polícia, muitas vezes em coordenação com milícias, que foram responsáveis pelas detenções arbitrárias em diferentes momentos ao longo destes cinco anos.
Estas forças repressivas também se caracterizaram pelo uso de armas letais em contextos não autorizados pelo direito internacional, provocando a morte de centenas de pessoas, algumas destas descritas por órgãos de direitos humanos como execuções extrajudiciais.
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