O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) analisou, esta quinta-feira, a "campanha deliberada de despovoamento" que a Rússia parece estar a levar a cabo nas áreas ocupadas da Ucrânia.
De acordo com o 'think thank' norte-americano, tudo indica que Moscovo está também a tentar repovoar estas áreas com cidadãos russos.
"A Rússia pode ter esperança de importar russos para preencher as áreas despovoadas da Ucrânia, por forma a integrar as áreas ocupadas na Rússia, na medida social, administrativa, política e económica", escrevem os responsáveis do ISW num relatório publicado hoje.
Segundo os especialistas, esta estratégia pode "complicar as condições" para a eventual reintegração destes territórios na Ucrânia.
No relatório, o ISW reitera ainda que estas campanhas de despovoamento e repovoamento "podem ser equivalentes a um esforço de limpeza étnica deliberado e uma aparente violação da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio", adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, e em vigor desde o início de 1951.
NEW: #Russia appears to be continuing a deliberate depopulation campaign in occupied areas of #Ukraine in order to facilitate the repopulation of Ukrainian territories with Russians. w/ @criticalthreats:https://t.co/LFh7Xyhjfv pic.twitter.com/SD52BcxnGJ
— ISW (@TheStudyofWar) April 26, 2023
O 'think thank' nota ainda que esta ideia da "limpeza ética foi confirmada ainda esta semana pela vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, que, na quarta-feira, referiu que Moscovo "estava a tentar mudar a composição étnica" levando a cabo uma transferência das pessoas mais pobres e que vivem em zonas remotas da Rússia para território ucraniano.
Ainda durante a sua análise, os os analistas referem que comentários feitos por alguns oficiais russos nos últimos tempos continuam a mostram uma "ansiedade generalizada sobre potenciais ações contraofensivas ucranianas".
"A retórica cada vez mais desanimada e em pânico de fugiras proeminentes sugere que o espaço de informação russo ainda não estabelecer uma linha sobre como abordar preocupações significativas e crescentes sobre o futuro", remataram.
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