Os dados dão conta que em média foram registados 31 protestos diários, segundo o OVCS.
"Os protestos pacíficos, nas suas diferentes modalidades, foram levados a cabo principalmente por trabalhadores ativos, reformados, pensionistas", explica-se no relatório "Protestos na Venezuela -- 1.º trimestre de 2023".
Em janeiro de 2023 registaram-se 1.262 protestos, em fevereiro 762 e em março 790, acrescenta-se.
Segundo o OVCS, "continua a tendência" de exigir direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, que atingiram 2.486 ações, 88% do total geral registado.
"Passou um ano desde o último reajuste salarial. Nestes últimos doze meses, os trabalhadores foram submetidos à sobrevivência perante um Governo que não atende às reivindicações dos manifestantes", explica-se no relatório.
Segundo o OVCS "todos os dias, os cidadãos expressam a sua insatisfação com as precárias condições de vida resultantes de uma economia 'dolarizada', em cenários de corrupção e impunidade, em que as autoridades são indiferentes às necessidades básicas da população".
"Os salários e as pensões são insuficientes e não garantem as condições mínimas para viver com dignidade. O último ajuste do salário mínimo foi fixado em 130 bolívares, o que corresponde a 5,4 dólares à taxa oficial do Banco Central da Venezuela", sublinha-se.
O OVCS "registou a participação ativa de mulheres em pelo menos 2.473 protestos, 88% de todas as ações documentadas".
"Os dados recolhidos demonstram a presença, liderança e participação das mulheres venezuelanas em todos os assuntos de interesse do país", sobretudo nos económicos, sociais e culturais, em que "tendem a ter um maior protagonismo na reivindicação de direitos", explica-se.
Segundo o relatório, "em março, em comemoração ao Dia da Mulher, foram realizadas mais de 60 grandes mobilizações a nível nacional, exigindo a erradicação de todos os tipos de violência e o direito à vida".
"Foi o momento certo para dar visibilidade aos femicídios e continuar a denunciar a discriminação contra as mulheres", sublinha-se.
No documento refere-se que o maior número de protestos no primeiro trimestre de 2023 registou-se no estado venezuelano de Bolívar, com 282, seguindo-se Anzoátegui (238), Mérida (225), Portuguesa (177), Táchira (177), Lara (170), Sucre (167), Miranda (155), Carabobo (149), Nueva Esparta (129), Barinas (116) e Falcón (102).
Registaram-se também protestos em Trujillo (99), Arágua (87), Distrito Capital (85), Zúlia (70), Monágas (66), Yaracuy (65), Guárico (63), Delta Amacuro (47), Vargas (45), Apure (40), Cojedes (37) e Amazonas (23).
"Cinquenta e seis protestos foram reprimidos em 18 estados do país, com 14 manifestantes detidos e um ferido", detalhou-se.
Por outro lado, profissionais da "educação realizaram pelo menos 1.714 protestos para denunciar as precárias condições de trabalho nas instituições de ensino venezuelanas, incluindo salários insuficientes, infraestruturas deterioradas e a violação dos seus direitos básicos".
Segundo o OVCS "o colapso dos serviços básicos continuou a fazer parte das reivindicações dos cidadãos".
Por outro lado, "os atos de corrupção, envolvendo funcionários públicos, geraram manifestações em todo o país". Os cidadãos "exigem justiça, o combate à impunidade" e que os recursos do Estado sejam utilizados para garantir uma vida digna aos venezuelanos".
Registaram-se 23 protestos, em nove estados do país, denunciando violações dos Direitos Humanos por parte das forças de segurança do Estado.
"Pais e representantes expressaram preocupação e condenaram as ameaças de porta-vozes do Governo de substituir professores por militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) nas escolas".
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