Serguei Shoigu, que falava numa reunião com altas patentes militares, admitiu, porém, que a empresa estatal Tactical Missiles Corporation tem cumprido os seus contratos atempadamente.
"[Mas], neste momento é necessário duplicar a produção de armas de alta precisão no mais curto espaço de tempo possível", afirmou Shoigu.
Os analistas militares têm estado a tentar perceber se a Rússia está a ficar com poucas munições de alta precisão, uma vez que o seu fogo de barragem de mísseis contra a Ucrânia se tornou menos frequente e em menor escala.
Numa avaliação da situação no terreno, o Ministério da Defesa do Reino Unido referiu hoje que os problemas logísticos "continuam a ser o cerne da campanha da Rússia na Ucrânia", sublinhando que Moscovo "não dispõe de munições suficientes para ter sucesso numa ofensiva".
Na segunda-feira, a Casa Branca (Presidência norte-americana) disse que estima que, desde dezembro, a Rússia tenha sofrido 100.000 baixas, incluindo mais de 20.000 mortos, ao mesmo tempo que Kiev negou estar perante um forte ataque das forças russas no leste da Ucrânia.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que a estimativa dos Estados Unidos se baseia em informações norte-americanas recentemente desclassificadas. No entanto, Kirby não explicou como os serviços secretos chegaram a esse número.
Já hoje, o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, descreveu a estimativa de Washington sobre as perdas da Rússia na Ucrânia como "inventada do nada".
"Washington não pode ter ideia dos números corretos. Não tem esses dados", disse Peskov.
Entretanto, as forças ucranianas dizem que estão a preparar a sua própria contraofensiva, ao mesmo tempo que referem estar a armazenar munições para a sustentar ao longo de linhas de abastecimento potencialmente longas.
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy Reznikov, disse na segunda-feira que os "fatores-chave" para o sucesso do ataque são "a disponibilidade de armamento e pessoas preparadas e treinadas".
"Os nossos defensores conhecem bem o plano e temos assegurado o fornecimento desta ofensiva com tudo o que é necessário, cartuchos, munições, combustível, proteção, etc", disse Reznikov em declarações à televisão ucraniana.
Ainda hoje, a Dinamarca disse ter doado 1,7 mil milhões de coroas (228 milhões de euros) em ajuda militar à Ucrânia, um novo pacote que inclui veículos de desminagem, munições, pontes móveis e dinheiro para a defesa aérea, os meios necessários para "reforçar a capacidade ofensiva nos próximos meses" do país.
"Sabemos que os russos se entrincheiraram nos territórios ocupados da Ucrânia, rodeados de campos minados e de outros obstáculos para impedir uma ofensiva ucraniana", disse o ministro da Defesa interino dinamarquês, Troels Lund Poulsen.
"O material doado é importante para abrir caminho aos tanques ucranianos e à infantaria blindada na linha da frente", reforçou Copenhaga.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.709 civis mortos e 14.666 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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