O Departamento de Segurança Nacional realizou hoje buscas e apreendeu "uma prova relacionada com um caso de incitação à subversão" em Yuen Long, distrito da ex-colónia britânica onde se situa a Universidade de Hong Kong (HKU).
A "subversão" é uma das categorias de infrações introduzidas em Hong Kong em 2020 pela lei de segurança nacional imposta por Pequim, punível com uma sentença máxima de prisão perpétua.
A Universidade de Hong Kong confirmou que a polícia apresentou um mandado de busca e "removeu uma evidência" das suas instalações, em Yuen Long, hoje de manhã.
A estátua, com oito metros de altura, uma obra do artista dinamarquês Jens Galschiot, intitulada 'Pillar of Shame' ("Pilar da Vergonha"), apresenta rostos angustiados numa torre sinuosa, e esteve em exposição na HKU durante mais de duas décadas.
Foi desmontada em 2021, na sequência de protestos pró-democracia no território, e as suas peças foram armazenadas num contentor de carga num terreno da Universidade de Hong Kong.
A apreensão ocorre a um mês do 04 de junho, que marca o 34º aniversário da sangrenta repressão do movimento de protesto pró-democracia que ocorreu em 1989 na Praça Tiananmen, ou da Paz Celestial, em Pequim.
Milhares de pessoas comemoravam este aniversário todos os anos com uma vigília no "Victoria Park", em Hong Kong, até 2020, quando foi proibido pela polícia na sequência de grandes protestos, às vezes violentos, exigindo mais direitos.
Os três líderes da Aliança de Hong Kong, que estiveram por trás da organização de uma vigília em memória do acontecimento, estão a aguardar julgamento sob a acusação de incitar a subversão contra o Estado.
"Eles não podem usar esta escultura como uma espécie de prova contra o movimento democrático, porque eu sou o proprietário e fui eu quem tomou a iniciativa de a instalar em Hong Kong", disse Jens Galschiot à AFP.
O artista dinamarquês afirmou que estava a considerar uma ação judicial para impor o seu direito de propriedade sobre o 'Pilar da Vergonha'.
No ano passado, Galschiot tentou contrabandear a estátua para fora de Hong Kong, mas nenhuma empresa de logística concordou em fazê-lo, com medo de represálias.
As universidades de Hong Kong retiraram os monumentos comemorativos de Tiananmen que desde há anos mantinham expostos nos respetivos 'campus'.
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