A blasfémia é um tema particularmente sensível no Paquistão, país maioritariamente muçulmano, onde mesmo as alegações não comprovadas de ofensa ao Islão podem resultar em assassinatos ou linchamentos.
Num vídeo largamente difundido nas redes sociais, é possível ver a polícia a tentar, em vão, impedir uma multidão de espancar freneticamente o presumível autor das blasfémias.
Os factos aconteceram no sábado, na cidade de Mardan, na província ultraconservadora de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste do país, perto da fronteira com o Afeganistão.
Segundo a polícia, a vítima, Nigar Alam, foi convidada a fazer a oração de encerramento do comício organizado pelo partido de Imran Khan, o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), quando a multidão se ofendeu com os comentários.
O homem conseguiu fugir, segundo a mesma fonte, mas um grupo de pessoas encontrou-o na casa de um familiar.
"Um grupo de indivíduos escalou o muro, invadiu o local e espancou-o até à morte com paus e cassetetes", disse o chefe da polícia do distrito, Najeeb-ur-Rehman.
Segundo declarações do chefe à agência France Press, "a multidão estava tão agitada que foi extremamente difícil para a polícia recuperar o corpo".
Um outro polícia local, Umair Khan, também confirmou o linchamento. O líder do PTI, Imran Khan, não estava presente no comício e os dirigentes do partido não comentaram o incidente.
De acordo com o Centro de Justiça Social do Paquistão, um grupo independente que defende os direitos das minorias, desde 1987, mais de 2.000 pessoas foram acusadas de blasfémia e, pelo menos, 88 foram mortas em linchamentos por, supostamente, ofenderem o Islão.
Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que as acusações de blasfémias são frequentemente utilizadas no Paquistão para resolver vinganças pessoais, com as minorias a serem amplamente visadas.
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