Os combates que eclodiram em 15 de abril mergulharam o país "numa catástrofe", afirmou Volker Turk na abertura de uma sessão especial do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra, sobre a situação no Sudão.
"Aproveito esta oportunidade para exortar todos os Estados com influência na região a encorajarem, por todos os meios possíveis, a resolução desta crise", continuou.
A reunião de emergência do principal órgão de direitos humanos da ONU foi convocada a pedido conjunto do Reino Unido, da Noruega, dos Estados Unidos e da Alemanha e é apoiada por várias dezenas de países.
Os confrontos entre o exército liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) do general Mohamed Hamdane Daglo fizeram mais de 750 mortos e 5.000 feridos, segundo as ONG e as autoridades.
Por seu lado, a Unicef alertou para o número "assustadoramente elevado" de crianças vítimas dos combates.
Türk condenou veementemente "esta violência gratuita, em que ambas as partes desrespeitaram o direito humanitário internacional, incluindo os princípios da distinção, da proporcionalidade e da precaução".
O exército sudanês "lançou ataques em zonas civis densamente ocupadas, incluindo ataques aéreos" e "na semana passada, um ataque aéreo terá atingido a área em redor de um hospital na zona do Nilo Oriental de Cartum, matando vários civis".
"As RSF, por seu lado, terão tomado posse de muitos edifícios em Cartum para os utilizar como bases operacionais, expulsando os residentes e lançando ataques a partir de zonas urbanas densamente povoadas", afirmou.
O seu gabinete recebeu várias denúncias de violência sexual por parte de homens fardados, bem como "alegações de mortes ilícitas e desaparecimentos forçados", afirmou.
No final da reunião, os 47 países membros do Conselho dos Direitos Humanos votarão um projeto de resolução que apela à "cessação imediata da violência por todas as partes, sem condições prévias".
O texto condena todas as violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional, mas não cria um mecanismo de investigação, deixando ao alto-comissariado e ao perito da ONU para o Sudão a tarefa de as documentar.
Segundo a ONU, até à passada terça-feira, mais de 160.000 pessoas tinham fugido para os países vizinhos, enquanto o número de deslocados internos no Sudão ultrapassava os 700.000.
Leia Também: Morte de civis em Gaza é "inaceitável". Guterres pede fim de combates