"Não está caracterizada qualquer falta civil", declarou o presidente do Tribunal de Recurso de Paris, confirmando a sentença de primeira instância, proferida em 20 de maio de 2022.
O tribunal considerou que "os comentários não caracterizam uma contestação do crime de genocídio", afirmou no seu acórdão, consultado pela agência France-Presse.
A chefe de redação do semanário Marianne, que estava presente na deliberação, foi acusada pelos comentários feitos em 18 de março de 2018 na rádio France Inter.
"Infelizmente, estamos tipicamente no género de caso em que temos canalhas a enfrentar outros canalhas (...), não havia de um lado os bons e do outro os maus da história", disse.
Estas afirmações causaram polémica e levaram a associação de apoio às vítimas do genocídio ruandês, Ibuka France, a apresentar uma queixa junto do partido civil, a que se juntou o Mrap - Movimento contra o racismo e pela amizade entre os povos.
Se as expressões utilizadas "não podem deixar de ser difíceis para as vítimas do genocídio, não caracterizam uma vontade de banalizar a sua existência de forma escandalosa", declarou o tribunal na sua decisão.
Na audiência, a jornalista explicou que o termo "canalhas" se referia aos dirigentes e não à população e aos "crimes da Frente Patriótica Ruandesa (RPF, de maioria tutsi) de Paul Kagame cometidos antes, durante e depois do genocídio".
O Tribunal de Paris já tinha chegado à mesma conclusão em maio de 2022, considerando que ver nas palavras da jornalista "uma negação da existência do genocídio" era "uma extrapolação das (suas) palavras".
Entre abril e julho de 1994, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 800.000 pessoas, principalmente membros da minoria tutsi, foram massacradas em condições abomináveis, um genocídio orquestrado pelo governo de maioria hutu.
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