A entrevista de Trump... e as mentiras. Do Capitólio à Ucrânia
A verificação dos factos é feita pela imprensa norte-americana, mas os temas principais onde Trump 'tropeçou' podem ser lidos aqui.
© Reuters
Mundo Donald Trump
O ex-presidente dos Estados Unidos (EUA) Donald Trump abriu a porta para a campanha eleitoral de 2024 na quarta-feira à noite, durante uma entrevista dada à CNN.
Naquele que foi o seu primeiro grande evento público depois de se candidatar à presidência dos EUA, Trump falou sobre vários assuntos, num espaço no estado norte-americano de New Hampshire.
Entre declarações feitas sobre a guerra na Ucrânia, relembrar o ataque ao Capitólio e documentos secretos, o candidato às presidenciais foi mais longe nas suas respostas e fez alegações que não são verdadeiras.
A verificação dos factos é feita pela CNN, mas os temas principais onde Trump 'tropeçou' em mentiras podem ser lidos abaixo:
O 'famoso' muro
Donald Trump deu início à construção de um muro na fronteira com o México, alegando que esta era uma medida central para conter a imigração ilegal. Mais de 700 quilómetros (km) foram construídos nesta linha, em grande parte substituindo valas anteriormente existentes.
Durante a entrevista de ontem, Trump referiu que terminou esta construção. "Terminei o muro. Construí um muro", disse, acrescentando: "Construí centenas de milhas de muro e acabei-o, e digo que temos de construir mais". Quando assumiu as funções, o seu sucesso, Joe Biden, travou esta construção.
Segundo a CNN, que cita um relatório das entidades competentes, dois dias depois de Trump abandonar o cargo de presidente estavam construídas 458 milhas, cerca de 737 km desta vedação. Segundo a mesma fonte, outras 280 milhas, quase 451 km, foram identificadas como não estando completas. A documentação especifica ainda que na mesma altura, apenas 52 milhas, quase 84 km tinham sido construídas de raiz em locais onde nunca tinha havido barreiras.
Documentos classificados
O republicano alegou que os documentos apreendidos na sua casa em Mar-a-Lago, na Florida, foram "automaticamente desclassificados" quando este os levou para lá.
Segundo a CNN, não há provas de que isto seja verdade, já que a equipa do ex-presidente não apresentou nenhum documento que prove que este processo teve início. De acordo com a publicação norte-americana, a equipa judicial responsável por este caso nunca alegou este suposto processo. Funcionários da administração Trump disseram à CNN que nunca ouviram falar de tal coisa, e consideram que esta alegação é falsa", classificando-a como "ridícula" e "uma treta".
"Se isso é verdade, onde está a ordem com a sua assinatura?", questionaram, citados.
Ataque ao Capitólio...
Trump tentou ainda culpar a então presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, pela violência do ataque ao Capitólio, que aconteceu a 6 de janeiro de 2021. O ex-líder referiu que era Pelosi que estava responsável pela segurança nesse dia.
Acontece que não é o líder da Câmara dos representantes - cargo agora ocupado pelo republicano Kevin McCarthy - que está responsável pela segurança do Capitólio, mas sim outras forças policiais.
... E os manifestantes?
Trump defendeu que "alguns" dos manifestantes desse dia "provavelmente, descontrolaram-se", em comparação com outros protestos de Esquerda que aconteceram noutras cidades.
Não foram apenas "alguns" manifestantes que o fizeram, dado que há centenas de pessoas acusadas judicialmente no âmbito deste ataque.
A resposta dada aos protestos foi a maior defesa dos últimos tempos de um ataque nos Estados Unidos - dada a violência que os manifestantes mostraram, incluindo, contra força policiais. O Departamento de Justiça referiu, esta semana, que 346 pessoas enfrentam acusações. Este número inclui aqueles que usaram armas ou causaram ferimentos a agentes de segurança. O FBI continua as suas investigações, tentando identificar, pelo menos, mais 220 pessoas que participaram neste ataque.
A eleição alegadamente fraudulenta
Uma das primeiras mentiras contadas por Trump demorou poucos minutos a ser dita, de acordo com a CNN. O ex-responsável referiu - mais uma vez - que as eleições presidenciais de 2020, que deram a vitória a Biden, foram "manipuladas".
A imprensa norte-americana lembra que o Colégio Eleitoral dos EUA contou mais 7 milhões de votos de distância entre Biden e Trump, a favor do atual presidente.
Ucrânia
O republicano referiu que os EUA forneceu 171 mil milhões de dólares, quase 157 mil milhões de euros, à Ucrânia no âmbito da guerra.
Contas feitas, a CNN refere que os EUA deram 36,9 mil milhões de dólares, quase 34 mil milhões de euros, em ajuda militar para combater as tropas russas. Trump referiu ainda que o país estava a dar "demasiado" e que não havia "munições para o país agora".
Trump referiu ainda que o país estava a dar "demasiado" e que não havia "armamento para o país agora", alegação que será falsa.
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