Erdogan revolucionou mentalidades na Turquia, diz dirigente do AKP

Murat Alparslan, dirigente do AKP em Ancara, considera que as eleições gerais de domingo vão determinar o futuro da Turquia nas próximas décadas e que a "viragem histórica" apenas pode prosseguir com o Presidente Erdogan no poder.

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Lusa
12/05/2023 08:26 ‧ 12/05/2023 por Lusa

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Turquia/Eleições

Murat Alparslan, dirigente do AKP em Ancara, considera que as eleições gerais de domingo vão determinar o futuro da Turquia nas próximas décadas e que a "viragem histórica" apenas pode prosseguir com o Presidente Erdogan no poder.  

A sede de campanha para o 1º distrito de Ancara, fica situada num amplo recinto no centro com construções pré-fabricadas. Murat Alparslan, 49 anos, que concorre na terceira posição nas listas do partido, troca com uma equipa de assessores as últimas informações, enquanto a mesa é preenchida com chá, café ou baklava, a tradicional iguaria turca.

"Designamos esta campanha como o segundo século da Turquia, por serem tão importantes. Por isso irá determinar o futuro da nação e do Estado", começou por referir em entrevista à Lusa o dirigente local do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, islamista conservador), no poder desde 2003, e que será reeleito para o Parlamento pela capital turca, de cerca de sete milhões de habitantes.

"Por isso, todos consideramos que não é uma eleição normal. Uma viragem histórica da nação e do Estado", prosseguiu, e numa óbvia referência a Recep Tayyip Erdogan, fundador do partido, primeiro-ministro até 2014, chefe de Estado desde então e que se recandidata às presidenciais pela terceira vez, após uma alteração constitucional.

"Nos últimos 20 anos do AKP no poder e da liderança de Erdogan, todas as ações serviram a Nação e o nosso líder fez um grande trabalho ao serviço da sua nação. Todo o mundo testemunhou e observou a liderança de sucesso de Erdogan. Protagonizou uma revolução de mentalidades", assinalou.

O académico do AKP referiu-se a um país autoconfiante, forte, ambicioso, com uma liderança que trabalha "arduamente" e se sente "diligente" na sua missão.

"A nossa história demonstra sermos uma importante civilização, uma civilização forte e adorável. Ao ser celebrado em outubro próximo o primeiro século da fundação da Primeira República, queremos tornar o país cada vez mais forte e eficaz, e com maior prestígio no mundo".

Murat Alparslan evocou os "grandes progressos" em áreas como a defesa, energia, educação, habitação ou saúde - aspetos repetidos com maior insistência no decurso da campanha eleitoral de Erdogan - e sublinhou que a sua liderança, e do AKP, permitiram tornar a Turquia num "país independente".

Em simultâneo, rejeitou as acusações sobre uma progressiva deriva autoritária do regime, que se acentuou na sequência do fracassado golpe militar de 15 de julho de 2016.

"Recusamos totalmente esse argumento, durante o seu exercício no poder, Erdogan fez uma boa gestão em torno dos direitos fundamentais e liberdade. E prescindiu das tutelas externas. Os militares e outros grupos tentaram interferir na governação, e Erdogan também se opôs a essas intenções e defendeu a democracia", sustentou, antes de assinalar que o golpe falhado há quase sete anos "foi promovido por diversos elementos nacionais e estrangeiros que tentaram derrubar a nossa democracia, destruir o Estado e a democracia.

O candidato do AKP define a Turquia como um país particularmente "livre e liberal" nos direitos individuais e na cultura democrática.

"Erdogan combateu as nuvens negras que tentavam encobrir a nossa democracia e promoveu um tempo claro e de sol", enfatizou.

Na perspetiva do AKP, a oposição não tem argumentos para confrontar Erdogan em qualquer tema decisivo, e optou por recorrer a argumentos "não fundamentados", mas que o partido no poder tem denotado dificuldade em contrariar, em particular em casos de alegada corrupção.

"Quando o nome de Erdogan é escutado na Turquia e no mundo, sabe-se que está contra as injustiças, que defende os direitos fundamentais e a democracia", disse.

A crise económica e social associada à Turquia, é outro assunto que Murat Alparslan renega.

"Esse argumento é propagado pela aliança da oposição e por países que apoiam os partidos da oposição. Não aceitamos o argumento de que existe uma crise económica e social, não existe crise", disse à Lusa.

O político islamita conservador contrapõe com a "crise económica no mundo", incluindo nos EUA e Alemanha, uma crise económica geral motivada pala pandemia, mas que não terá impedido a Turquia de "prosseguir o envio de ajuda humanitária" para diversas regiões do mundo. 

Recorre ainda às cheias, incêndios florestais e ao sismo do século [06 de fevereiro de 2023 no sudeste da Turquia e norte da Síria] no país e à resposta das autoridades, que não foi consensual. "Mas sabemos que caso os países europeus e os EUA enfrentem problemas semelhantes, poderão não sobreviver. Não poderão enfrentar e solucionar estes problemas", asseverou.

Nesta abordagem, a ideologia do AKP tem feito sobressair o que designa de "unidade do Governo e da Nação" para a solução dos problemas e que considera exclusivista.

"Houve falências nos EUA de bancos, problemas em empresas europeias, na China, e observarmos que existe uma profunda crise nessas regiões. E sabemos que os povos não puderam encontrar alternativa ao corte do gás da Rússia e a Europa teve um inverno frio. E durante ãlgum tempo não conseguiram encontrar os produtos essenciais", justificou.

"Na Turquia não tivemos esses problemas, e inclusive fornecemos produtos alimentares a outros países. Os problemas foram resolvidos com a nossa liderança e

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a nossa nação, unidos", concluiu.

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