"Há uma hora, entreguei ao presidente do Conselho de Direitos Humanos (CDH) a carta que comunica a nossa retirada deste órgão tendencioso e que desde o início tem estado do lado das ditaduras", afirmou o embaixador de Israel na ONU e nas suas agências especializadas em Genebra, Daniel Meron, em declarações à comunicação social.
O diplomata apontou como uma das razões para tal decisão o facto de Israel ser o único país com um ponto permanente na agenda do CDH, relacionado com a situação dos direitos humanos dos palestinianos nos territórios que ocupa.
Daniel Meron sustentou que, desde que este órgão começou a funcionar, em 2006, adotou uma centena de resoluções contra Israel e que as suas expectativas de que o CDH procedesse a mudanças nesse aspeto não se concretizaram.
O anúncio da retirada de Israel do mais importante organismo intergovernamental de defesa dos direitos humanos ocorreu um dia depois de os Estados Unidos terem dado esse passo, pela segunda vez, pouco depois do regresso do republicano Donald Trump à Casa Branca para um segundo mandato presidencial (2025-2029).
Em meados de 2018, durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), os Estados Unidos retiraram-se pela primeira vez do organismo, depois de o acusarem de prejudicar "de forma crónica" Israel e de aceitar como membros países onde os direitos humanos eram abertamente violados.
Na altura, Israel decidiu reduzir ao mínimo a sua participação no CDH.
A retirada dos Estados Unidos daquela instituição internacional foi revertida pelo Governo do Presidente democrata Joe Biden.
Desta vez, Israel censura o CDH por não ter classificado claramente o movimento islamita palestiniano Hamas como um grupo terrorista e por não ter aprovado qualquer resolução contra ele, nem antes nem depois do ataque de proporções sem precedentes que este perpetrou em território israelita a 07 de outubro de 2023.
O embaixador assegurou que até que o sistema das Nações Unidas empreenda "reformas profundas e estruturais e acabe com a politização dos direitos humanos", o seu país não voltará a fazer parte deste organismo, no qual, nos últimos anos, apenas participou como Estado observador, o que lhe permitia participar nas reuniões e intervir, mas não votar.
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