O chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andrii Yermak, indicou hoje à agência norte-americana Associated Press (AP) que a delegação ucraniana será liderada por Zelensky e vai apresentar a posição de Kyiv sobre o fim da guerra e "uma paz longa e duradoura" com a Rússia.
"É necessário que os líderes e os especialistas em política que estarão em Munique percebam que este é o momento", sustentou Yarmak sobre a mensagem da Ucrânia para a reunião.
O chefe do gabinete presidencial indicou à AP que se está "muito perto" do fim do conflito, mas alertou que é preciso unidade, de modo a evitar fornecer à Rússia "uma oportunidade de dividir o mundo e os parceiros" de Kyiv.
A cimeira de Munique é um fórum regular para discussões globais sobre segurança internacional que assumiu um novo significado com o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
A conferência anual decorre num momento crucial para a Ucrânia, que se esforça por estabelecer uma relação com a nova administração dos Estados Unidos, o seu principal parceiro bilateral no esforço de guerra.
Durante a campanha eleitoral, o Presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu pôr fim ao conflito no prazo de 24 horas, revendo esta promessa para seis meses após a sua tomada de posse, em 20 de janeiro.
No entanto, a Rússia e a Ucrânia continuam distantes nas suas posições, embora tenham assumido uma inédita postura de diálogo desde que Trump regressou à Casa Branca.
Na reunião de Munique, Yermak espera que a Ucrânia possa discutir as garantias de segurança que podem ser postas em prática para evitar a persistência de agressões por parte da Rússia.
O conselheiro presidencial afirmou que não há uma data definida para um encontro entre Zelensky e Trump, mas reiterou que deve acontecer o mais rapidamente possível: "Estamos a trabalhar nisso".
Yermak confirmou, porém, que o enviado especial de Trump para a Ucrânia e Rússia visitará Kyiv após a Conferência de Segurança de Munique, no final de fevereiro.
Numa tentativa de pôr a nova administração norte-americana em dia, os ucranianos planeiam fornecer à Kellogg "informações completas e reais" sobre a situação no campo de batalha, os esforços de mobilização em curso e a entrega de armas e equipamento militar.
Na segunda-feira, Trump indicou que quer chegar a um acordo com a Ucrânia para ter acesso aos depósitos de terras raras do país como condição para continuar o apoio de Washington a Kyiv.
A observação está em linha com elementos do "plano de vitória" de Zelensky, que apresentou aos seus aliados de Kyiv, incluindo ao novo líder norte-americano no fim do ano passado.
Yermak referiu que a Ucrânia está a procurar uma parceria estratégica com os Estados Unidos mesmo após o fim da guerra, e que isso faz parte da estratégia de Zelensky na abordagem à nova administração de Trump.
"Queremos que os americanos olhem para nós não apenas pela democracia, que ajudaram a sobreviver durante esta terrível guerra da Rússia contra a Ucrânia", comentou, mas, frisou, "como um parceiro estratégico muito importante e muito interessante no futuro".
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