Ativo na região de Oromia, a maior e mais populosa da Etiópia que circunda a capital Adis Abeba, o OLA luta contra as autoridades etíopes desde a sua divisão em 2018 com a histórica Frente de Libertação de Oromo (OLF, na sigla em inglês), a qual havia renunciado à luta armada naquele ano, quando o atual primeiro-ministro, Abiy Ahmed, chegou ao poder.
O Governo etíope e o OLA - classificado como organização terrorista por Adis Abeba desde 2021 - iniciaram conversações em 25 de abril em Zanzibar, uma ilha semiautónoma da Tanzânia, que os rebeldes descreveram como "preliminares de negociações mais profundas".
Odaa Tarbii, porta-voz do OLA, em declarações à AFP, disse que após o fim desta primeira ronda de conversações, concluída em 03 de maio sem progressos, "o regime lançou uma ofensiva total (...) que é contrária ao espírito de desanuviamento que esperávamos".
"Apesar de não ter havido um cessar-fogo formal, foi acordado que seria preferível uma diminuição da escalada durante o processo de negociação", acrescentou.
Com esta ofensiva, continuou, as autoridades federais estão a tentar "ganhar uma posição de força e a forçar a aceitar as suas condições".
"Mas não devem tomar o nosso empenho na paz como um sinal de fraqueza", frisou.
Com o acesso restrito à região, é impossível à AFP verificar de forma independente a situação no terreno.
Questionadas sobre o assunto, as autoridades etíopes ainda não responderam aos pedidos de comentários da AFP.
"De momento, não temos datas específicas para a próxima ronda de negociações", disse também Odaa Tarbii, e o OLA "deixa a porta aberta para continuar as negociações".
Estimada em alguns milhares de homens em 2018, a força do OLA aumentou significativamente nos últimos anos, embora observadores o considerem insuficientemente organizado e armado para representar uma ameaça real para o governo federal.
A Oromia é a região do povo Oromo e é afetada por uma violência multifacetada, o que torna a situação extremamente confusa: lutas políticas internas, disputas territoriais e animosidades entre comunidades, bem como o recente desenvolvimento do banditismo armado.
Nos últimos anos, tem sido palco de massacres étnicos - os autores não estão claramente identificados - em especial nos Wollegas, uma zona remota no extremo oeste, onde visam principalmente os Amhara, o segundo povo mais numeroso da Etiópia, mas uma minoria muito pequena em Oromia.
O OLA tem sido repetidamente acusado pelo Governo de Abiy de ser responsável por estes massacres, o que esta organização nega sistematicamente.
O Governo é acusado de repressão indiscriminada que alimenta o ressentimento dos Oromo contra o Governo federal.
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