"Existe uma pandemia a matar os pobres à frente dos nossos olhos e sabemos exatamente como pará-la, mas precisamos de mais apoio e menos inércia da comunidade mundial, porque se não agirmos agora, vai piorar", afirmou o chefe da unidade de emergências de saúde pública do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Pfaffmann Zambruni, numa conferência de imprensa em Genebra.
"A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mil milhões de pessoas em 43 países correm o risco de contrair cólera", disse um dos responsáveis pelo combate da doença na OMS, Henry Gray.
A cólera, que se alastra rapidamente com a ausência de água potável e condições sanitárias adequadas, causa diarreia e vómito e pode ser particularmente perigosa para as crianças.
A ONU precisa de quase 600 milhões de euros para combater a doença, mas a organização afirmou que quanto mais tempo se esperar, pior a situação ficará.
Desde o início do ano, 24 países relataram surtos de cólera, um número que ultrapassa os 15 do mesmo período no ano passado, o que Henry Gray atribuiu à pobreza, aos conflitos, às alterações climáticas e às pessoas deslocadas que daí resultam.
"À medida que aumenta o número de países afetados pela cólera, os recursos disponíveis para prevenção e tratamento são mais dispersos", destacou Gray.
Foram solicitadas mais de 18 milhões de doses de vacinas contra a doença desde o início do ano, mas apenas oito milhões estão disponíveis, o que obrigou à interrupção das campanhas de vacinação.
Embora a cólera possa matar em poucas horas, pode ser tratada com reidratação oral simples e antibióticos nos casos mais graves.
Os países mais afetados em 2023 são até agora Moçambique e Maláui.
Nove outros países são considerados em "crise aguda": Burundi, Camarões, República Democrática do Congo, Etiópia, Quénia, Somália, Síria, Zâmbia e Zimbabwe.
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