Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre a situação na Palestina, Tor Wennesland também alertou que a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) deixará de ter recursos para fornecer serviços básicos em setembro deste ano.
"Estou particularmente alarmado com a crise de financiamento enfrentada pelas agências da ONU que prestam serviços básicos e apoio social, incluindo assistência alimentar de emergência, aos palestinianos", disse o coordenador perante o corpo diplomático presente na reunião.
"Isso acompanha os desafios financeiros já existentes e o declínio geral do apoio dos doadores. Encorajo os Estados-membros a procurar imediatamente maneiras de aumentar o seu apoio aos palestinianos, sem os quais enfrentaremos sérios desafios humanitários e, potencialmente, de segurança. Não há tempo a perder", afirmou Wennesland.
A escalada da violência entre Israel e a Jihad Islâmica na Palestina foi um dos focos da reunião, com Tor Wennesland a expor a volátil situação de segurança observada na região e a "escalada mortal" entre as autoridades israelitas e as fações armadas palestinianas na Faixa de Gaza.
A escalada agravou a já grave situação humanitária na Faixa de Gaza, onde cerca de 100 unidades habitacionais foram completamente destruídas e mais de 125 foram danificadas e tornaram-se inabitáveis, deslocando mais de 1.100 palestinianos.
De acordo com Tor Wennesland, as autoridades israelitas fecharam as duas travessias entre Gaza e Israel, impedindo a entrada de alimentos, medicamentos e combustível para a central de Gaza, o que resultou em centenas de pessoas sem acesso a cuidados médicos essenciais na Cisjordânia ou em Israel.
"Estou profundamente preocupado com o facto de os civis continuarem a suportar o peso de tais hostilidades. Estou particularmente chocado com o facto de as crianças, que nunca devem ser alvo de violência, continuarem a ser vítimas", afirmou o coordenador da ONU.
Tor Wennesland indicou que os níveis de violência relacionada aos colonatos também permaneceram elevados, apelando às forças de segurança para que exerçam o máximo de contenção.
Ainda sobre os colonatos, o coordenador lamentou os novos planos para a construção de mais estruturas por parte de Israel, com licitações publicadas para cerca de 310 unidades habitacionais e demolições de estruturas de palestinianos.
"Reitero que todos os colonatos são ilegais sob o Direito Internacional e que são um obstáculo substancial à paz e devem ser interrompidos", reforçou.
O coordenador apelou a todas as partes para que travem ações "unilaterais e inflamatórias que minem as perspetivas de paz" e que ajudem a enfrentar os graves desafios financeiros e institucionais que a Autoridade Palestiniana atravessa.
"Devemos agir - não apenas para garantir o bem-estar e a governança dos palestinianos -, mas como parte integrante do fim da ocupação e restaurar um horizonte político em direção a uma solução viável de dois Estados, com base em resoluções da ONU, Direito Internacional e acordos anteriores", concluiu.
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